No documento em que pediu autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para abrir a Operação Akuanduba, que na semana passada fez buscas contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a Polícia Federal apontou ‘fortes indícios’ de envolvimento dele em um possível esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira.
A PF também cravou que as provas reunidas na investigação já são suficientes para enquadrar o presidente afastado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, pelos crimes de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa.
O acervo de provas enviado ao STF inclui relatos de reuniões com madeireiros, alterações nas regras de fiscalização, trocas de mensagens, depoimentos de testemunhas e operações financeiras suspeitas, que atingem o escritório de advocacia de Ricardo Salles em São Paulo.
“Todos esses pontos mencionados na petição originariamente distribuída à V. Exa. Excelência, encontram-se, hoje, s.m.j., bem melhor definidos no âmbito das presentes investigações e sinalizam, de forma bastante robusta a nosso ver, para a existência de indícios de prática delituosa atribuível ao atual Ministro do Meio Ambiente”, escreveu o delegado Franco Perazzoni, responsável pela investigação, em representação de 92 páginas revelada pelo jornal O Globo e obtida pelo Estadão.
Se, no caso de Salles, a PF se limitou a afirmar que o conjunto probatório aponta para a participação nos crimes, no caso de Eduardo Bim a investigação fala em ‘crimes já configurados’ de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa e levanta ainda suspeitas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A PF também afirma que houve ‘empenho pessoal’ de Eduardo Bim em atender interesses particulares de madeireiras. Ele foi afastado do cargo, a pedido da Polícia Federal, por determinação de Moraes.
“Para além do óbvio desvio de finalidade do ato administrativo e da exorbitância das próprias atribuições legais, os elementos de convicção até coligidos apontam para a possível prática de diversos delitos contra a Administração Pública e o Meio Ambiente”, escreveu o delegado.
Principal alvo da ação da PF, Salles nega irregularidades e diz que Moraes foi ‘induzido ao erro’ ao autorizar a operação, classificada por ele como ‘exagerada’ e ‘desnecessária’. A redação é do Estadão Conteúdo via Política Livre.