A mãe do médico acreano Andrade Lopes Santana, de 32 anos, Dormitília Lopes, conversou com o G1 na manhã deste sábado (29) e contou que o principal suspeito do crime a abraçou e chorou quando ela chegou em Araci, cidade onde o filho morava na Bahia. O médico estava desaparecido desde o dia 24 de maio e foi encontrado amarrado a uma âncora nessa sexta-feira (28) no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos.
“Ele me abraçou, chorou comigo, dizia que sentia minha dor. Quando chegou algemado na delegacia com um casaco na cabeça eu disse: ‘Júnior, tu matou meu filho, por que fez isso?’. Ele tentou balançar a cabeça com o casaco. Algumas pessoas gritavam ‘assassino’. Se a polícia não estivesse lá tinham linchado ele”, relembrou.
Horas após o corpo de Santana ter sido achado, Geraldo Freitas foi preso. O homem foi o responsável por registrar o desparecimento do amigo na delegacia de Feira de Santana. Dormitília e mais seis parentes do médico chegaram a Araci logo que foram informados do desaparecimento de Santana. Na cidade, o suspeito do crime, que é colega do médico e foi identificado como Geraldo Freitas, recebeu Dormitília e lamentou o sumiço do rapaz.
Dormitília conta que, depois, perdoou o suspeito e não guarda rancor dele. “Não consigo ter rancor, ódio e nem desejo de vingança do assassino. Perdoei porque nosso único caminho é perdoar, não existe outro caminho, se você quiser ir para o céu, se não for perdoar”, afirmou. Na manhã desse sábado, o corpo do médico foi enterrado no Cemitério Paroquial de Araci. Uma multidão acompanhou o cortejo (veja aqui).
Desejo da mãe morar na Bahia
Andrade Santana se mudou para a Bahia em 2016. Segundo a mãe, ele buscava mais oportunidades quando foi embora. As investigações apontam que o suspeito do crime estudou medicina com Andrade em uma faculdade na Bolívia. Concluído o curso, os dois se mudaram para o interior da Bahia para trabalhar.
Dormitília disse que não lembra de ter conhecido Geraldo. Na época da faculdade, o médico morava em Brasileia, interior do Acre, com a mãe, e estudava na Bolívia. Atualmente, após ter casado novamente, a mulher mora em Epitaciolândia, cidade vizinha.
“Não gostou quando soube que eu tinha me casado porque o projeto dele era eu cuidar das coisas dele, ser tipo uma assessora. Não queria que eu casasse, queria que eu fosse morar na Bahia”, relembrou.
A última vez que Andrade esteve no Acre foi em maio de 2019, quando deu um carro de presente para a mãe no Dia das Mães. Ele comprou o carro em um leilão e veio dirigindo até o estado acreano para fazer uma surpresa para Dormitília. No final do mesmo ano, ela viajou para a Bahia para visitar o filho. Por conta da pandemia, a mãe não viu mais o filho vivo.
“A gente conversava por mensagem, de vez enquanto nos falávamos, mas não me falou nada desse amigo. Veio para o Acre deixar um carro de presente dos Dia das Mães em 2019. Me casei de novo, veio a pandemia e não podia sair muito, estava esperando meu esposo e eu nos vacinar para andar de novo. No final do ano de 2019, ele comprou as passagens para que eu fosse vê-lo. Fiquei uns oito dias porque ele estava muito cansado, não podia ficar muito comigo, fiquei pouco tempo”, destacou. As informações são do G1.
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