O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) criou um grupo de trabalho para estabelecer o valor cultural de armas de fogo, de acordo com uma portaria publicada no dia 28 de maio. O documento é público, obteve sua autenticidade confirmada por um servidor do órgão e foi assinado por Leonardo Barreto, diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização.
A portaria foi publicada cerca de uma semana após a revelação de que o secretário especial da Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias, anda armado. Segundo fontes, ele usa uma arma na cintura à vista de todos enquanto está na Esplanada.
Frias já apareceu nas redes sociais portando armas de fogo. Em novembro do ano passado, posou ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, em visita ao Bope, o Batalhão de Operações Especiais, ambos segurando uma arma. “Tiro também é cultura”, escreveu Eduardo.
São 30 dias que o grupo de trabalho possui para desenvolver uma proposta com “critérios de avaliação de armas de valor cultural, com vistas a emissão de parecer referente ao valor cultural de material bélico”. Os objetos, a partir da avaliação, seriam então destinados para acervos de museus ou descartados, de acordo com a portaria.
A portaria é um dos primeiros atos de Barreto e vem logo após o Iphan, o principal órgão de preservação do patrimônio cultural do país, viver sua maior paralisia em 65 anos —algo que não foi visto nem na ditadura militar— e receber diversos ataques do presidente Jair Bolsonaro.
O grupo de trabalho é composto por duas pessoas, ambas sob a coordenação de Barreto. Uma delas é Adler Homero Fonseca de Castro, professor do mestrado do Iphan com publicações sobre história militar e história do armamento e pesquisador associado do Centro de Pesquisa em História Militar do Exército.
Enquanto que o outro membro é José Neves Bittencourt, membro do Iphan em Minas Gerais. Formado em engenharia elétrica e com mestrado em artes visuais, Barreto, o proponente, é servidor do Iphan há cerca de 35 anos, de acordo com o site do órgão.
Além disso, ele atuou na superintendência de Minas Gerais nas áreas de iluminação interna e externa, instalações elétricas e prevenção e combate a incêndios e pânico em bens culturais protegidos pelo órgão. Também foi assessor técnico da presidência. Jornal da Chapada com informações de Folha de São Paulo.