Na última quarta-feira (16), um dia antes do Senado aprovar a Medida Provisório do governo que prevê a privatização da Eletrobras, o presidente Jair Bolsonaro chegou a se irritar com um apoiador ao defender a venda da estatal. “Se não privatizar, acaba que vamos ter um caos no sistema energético no Brasil, porque roubaram tanto e ninguém fala nisso. Essa petralhada roubou tanto o Brasil”, disparou o titular do Palácio do Planalto.
Enquanto fazia campanha para se tornar presidente, em 2018, no entanto, Bolsonaro tinha uma posição completamente distinta sobre o tema. Ele dizia que o setor elétrico é “estratégico” e que, por isso, não poderia ser privatizado. “A questão de energia elétrica no brasil, isso simplesmente é estratégico, é vital. País nenhum do mundo faz isso. Entregar isso pra outros países. Sou favorável a privatizar muitas coisas, mas a questão energética, não”, disse o presidente à época.
“E você está tirando uma estatal brasileira pra botar nas mãos de uma estatal chinesa? Eles vão decidir o preço da nossa energia e onde chegará essa energia. Estarão aqui ganhando dinheiro e decidindo uma questão estratégica. Não podemos aceitar isso”, afirmou ainda o então candidato Bolsonaro.
Assista no vídeo abaixo, resgatado pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).
MP da privatização aprovada no Senado
Criticada por políticos da oposição, trabalhadores e entidades do setor elétrico, a Medida Provisória (MP) 1.031 apresentada pelo governo Bolsonaro, que permite e a privatização da Eletrobras, foi aprovada pelo Senado na tarde desta quinta-feira (17). Ao todo, foram 42 votos a favor do texto principal da MP e 37 contrários.
A principal justificativa do governo ao querer privatizar a maior empresa de energia elétrica da América Latina é que isso reduziria a conta de luz, argumento que é rechaçado por entidades do setor elétrico. Levantamento divulgado em maio pela Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) aponta que a conta de luz, caso a privatização da estatal seja confirmada, vai aumentar em até 20%.
O mesmo dizem os trabalhadores da Eletrobras, que deflagraram uma greve de 72 horas contra a aprovação da MP. “É necessário entender que a soberania nacional está em jogo, que haverá aumentos de preços, caso a Eletrobras seja privatizada, e serão os consumidores que pagarão por tudo isso”, explica Nailor Gato, vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU). A oposição no Senado, que votou contra a MP, endossa as críticas dos trabalhadores à proposta.
“Lutamos para que a MP da Eletrobras fosse rejeitada integralmente e pedimos ao Governo pra bater o escanteio de novo, pra começar direito, com um projeto de lei que pudesse ser discutido nas Comissões e com a presença de todos os envolvidos. Mas, o Senado preferiu aceitar esse abacaxi indigesto servido pelo governo e que prejudicará milhões de famílias com o aumento da conta de luz e prejuízos ao meio ambiente. A luta continua pela defesa de nossas estatais!”, afirmou o líder da Minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN). A redação é do site da Revista Fórum.