A insegurança alimentar voltou a impactar significativamente o Brasil nos últimos dois anos de acordo com dados publicados nesta segunda-feira (12) pelo principal levantamento internacional sobre a fome no mundo. A pesquisa revela que entre 2018 e 2020 a prevalência de insegurança alimentar grave atingiu 7,5 milhões de brasileiros. No período entre 2014 e 2016, esse número era de 3,9 milhões de brasileiros.
Se os dados incluírem ainda prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave, o número de brasileiros impactos pela crise alimentar aumenta para 49,6 milhões de brasileiros impactados. Em 2014, eram 37,5 milhões de pessoas. Ainda segundo o informe, houve um agravamento da fome no mundo em 2020, que pode ser relacionado com as consequências da pandemia de covid-19. Atualmente, um décimo da população mundial – até 811 milhões de pessoas – está subnutrido.
Tanto em termos absolutos, quanto proporcionais, a fome aumentou em 2020, ultrapassando o crescimento populacional. Estima-se que cerca de 9,9% de todas as pessoas estavam subnutridas no ano passado, contra 8,4% em 2019. Além disso, no total, mais de 2,3 bilhões de pessoas (ou 30% da população mundial) não obtiveram acesso a alimentos adequados durante todo o ano: este indicador – conhecido como prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave – saltou em um ano tanto quanto os cinco anteriores combinados.
O relatório é publicado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentação (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Infelizmente, a pandemia continua a expor fraquezas em nossos sistemas alimentares, que ameaçam a vida e a subsistência de pessoas ao redor do mundo”, pontuam os chefes das cinco agências da ONU. Os números tendem a distanciar a promessa de acabar com a fome até 2030.
De todas as pessoas subnutridas, mais da metade (418 milhões) vive na Ásia; mais de um terço (282 milhões) na África; e uma proporção menor (60 milhões) na América Latina e no Caribe. A desigualdade de gênero também é enfoque no relatório. Para cada 10 homens com insegurança alimentar, havia 11 mulheres com insegurança alimentar em 2020 (acima dos 10,6 em 2019).
As crianças também pagaram um alto preço com a desnutrição. Em 2020, estima-se que mais de 149 milhões de menores de cinco anos foram raquíticas, ou muito pequenas para sua idade; mais de 45 milhões – desperdiçadas, ou muito magras para sua altura; e quase 39 milhões – acima do peso. Jornal da Chapada com informações de colunista Jamil Chade do UOL.