Como das demais vezes de internação, Jair Bolsonaro (sem partido) publicou imagens no leito hospitalar e voltou a atacar o PT e o Psol em razão do atentado que sofreu em 2018, durante campanha eleitoral em Juiz de Fora, em Minas Gerais. De acordo com análise da Folha de São Paulo, esta internação repentina fez ressurgir uma persona, comum para o chefe do Executivo, a do mártir político.
O procedimento cirúrgico foi retardado há tempos pelo presidente, afinal, embora possa ocorrer em caráter de urgência, já era um pedido da equipe médica havia meses. No hospital, os eventuais concorrentes das eleições de 2022 foram atacados, como uma tentativa de barrar a perda de eleitores. As postagens têm sido feitas pelo filho mais velho, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, de acordo com fontes no governo.
A pesquisa CNT/MDA publicada no último dia 05 apontou que o governo é avaliado como ruim ou péssimo por 48,2% dos entrevistados.A avaliação positiva (dos que consideram a gestão ótima ou boa) caiu de 33%, em fevereiro de 2020, para 27,7% em julho deste ano, sendo a mais baixa desde a eleição.
A reportagem afirma que o roteiro já é conhecido. Bolsonaro foi esfaqueado no dia 6 de setembro de 2018 no abdômen por um ex-militante do PSOL, diagnosticado posteriormente como desequilibrado. Na época, ele estava liderando sem favoritismo evidente durante corrida eleitoral e a facada foi um fator importante para o mandatário, pois a mitologia do bolsonarismo sacralizou no momento.
Após a gravidade da cirurgia ter sido alertada nesta quarta (14), o sacrifício do chefe do Executivo foi novamente lembrado nas redes gerenciadas pelo filho, em um momento de maior pressão do seu mandato, principalmente, em razão das revelações de irregularidades no Ministério da Saúde e sua exposição na CPI da Covid. E como a política é feita de símbolos, no caso de Jair, o dele é a morte, para passar imagem de soberano e mito, conforme artigo de Thiago Amparo.
Os especialistas afirmam que caso Bolsonaro não tivesse sido internado, ele precisaria encarar os chefes de demais poderes em uma reunião na manhã de quarta. Além disso, os interlocutores dizem que Bolsonaro se sente sob cerco constante.
O presidente vem também tentando descobrir nas últimas semanas se o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria prestes a decretar a prisão de seu filho, Carlos, no âmbito do inquérito das ‘fake news’. Jornal da Chapada com informações de Folha de São Paulo e Correio Braziliense.