A prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) abalou a família Bolsonaro. Neste sábado (14), pouco antes de Jair Bolsonaro anunciar nova investida contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em reação à detenção de Jefferson, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez uma sequência de postagens em que se mostrou extremamente preocupado com o revés ao ex-parlamentar.
Na publicação, o filho de Bolsonaro tentou se desassociar de Roberto Jefferson. “Há um bando de malandros tentando ligar especificamente MEU NOME ao enredo da prisão de chefe de outro partido, mais uma vez para atingir o Presidente e “se esquecem” de incluir em suas cobranças a todos que deveriam, mirando no desgaste proposital de um só. TEM MÉTODO!”, escreveu.
“Mesmo que este senhor, ao meu ver, preso de forma injusta, sempre indireta e direta me ataque quando pode, sem eu saber os motivos, qualquer inocente sabe que sua prisão é preocupante não somente a um, mas a todos os brasileiros”, completou Carluxo.
Há um bando de malandros tentando ligar especificamente MEU NOME ao enredo da prisão de chefe de outro partido, mais uma vez para atingir o Presidente e “se esquecem” de incluir em suas cobranças a todos que deveriam, mirando no desgaste proposital de um só. TEM MÉTODO!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 14, 2021
Prisão de Jefferson
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (13) na cidade de Comendador Levy Gasparian, a cerca de 130 quilômetros do Rio de Janeiro. A prisão foi efetuada após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Além da prisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de conteúdos postados por Jefferson em redes sociais, apreensão de armas e acesso a mídias de armazenamento. O ex-deputado é investigado no inquérito das milícias digitais, que é uma continuidade da investigação sobre os atos antidemocráticos e que envolve ameaças de morte aos ministros da suprema corte, pedidos de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Antes de ser levado pela Polícia Federal, o ex-deputado enviou mensagem de áudio ao PTB e afirmou que o STF atua contra a “família, Deus e a liberdade” e recebe “mensalão da China”. Ele ainda disse que irá combater “ministros gays” do tribunal. Ao assinar mandado de prisão, Jefferson ainda provocou Moraes.
“Ruptura institucional”
Neste sábado (14), um dia após a prisão de seu aliado, Roberto Jefferson (PTB-RJ), a mando do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro anunciou que vai acionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), contra o magistrado e seu colega de Corte, o ministro Luís Roberto Barroso.
“Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura institucional, a qual não provocamos ou desejamos. De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais”, disse Bolsonaro ao iniciar uma sequência de postagens. “Na próxima semana, levarei ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal”, prosseguiu.
O artigo 52 da Constituição citado por Bolsonaro se refere a crimes de responsabilidade, e é interpretado por bolsonaristas como um mecanismo para pedir “impeachment” de ministros do STF, já que ele prevê que “compete ao Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade”.
“O povo brasileiro não aceitará passivamente que direitos e garantias fundamentais (art. 5° da CF), como o da liberdade de expressão, continuem a ser violados e punidos com prisões arbitrárias, justamente por quem deveria defendê-los”, completou Bolsonaro. O anúncio vem não só após a prisão de Roberto Jefferson, como também em meio aos inquéritos que Bolsonaro é alvo, tanto no STF como no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por atentar contra o sistema eleitoral e as instituições. A redação é do site da Revista Fórum.