As amostras de grãos de café de Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, estão sendo enviadas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Reforma Agrária (Saegri) para a certificação do selo de Indicação Geográfica (IG), que confere a localização de origem e condições especiais da fabricação do produto.
O selo ainda permite que os consumidores tenham a certeza de que estão adquirindo um produto com qualidade de procedência e estão valorizando a cultura local, assim como fomentando atividades turísticas.
Além disso, os exemplares da coleta foram enviados para a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista, para análise em seus laboratórios. O intuito é aferir a qualidade, analisar condições de produção e a classificação entre os cafés produzidos na região chapadeira como um produto diferenciado.
“É um certificado de qualidade com identidade geográfica. O café de Morro do Chapéu é diferente do café de Bonito, por exemplo. O de Bonito é diferente de Piatã, embora a qualidade seja alta, os chamados cafés gourmet”, explica o engenheiro agrônomo da Seagri, Francisco Botelho.
Por serem diferenciados em razão da sua qualidade, os cafés podem variar os preços de mercado, entre R$1 mil a R$25 mil em apenas uma saca do produto e conforme o engenheiro, a altitude de Morro do Chapéu favorece a produção cafeeira.
“Nós temos lavouras de café produzidas entre 900 a 1.100 metros de altitude. Os cafés especiais produzidos em todo o mundo são produzidos nessa faixa de altitude. É o caso do café de Piatã, produzido em altitudes acima de mil metros”, pontua, visto que o café produzido em Piatã, considerado um dos melhores do país, é produzido em até 1.200 metros de altitude.
São grandes áreas em Morro do Chapéu propícias para o cultivo do café. “Regiões como Lagoa Nova, Duas Barras, Cafelândia, Fedegosos, Ponta D´Água, são grandes áreas com pequena produção de café”, ressalta o especialista ao enfatizar sobre a agricultura familiar, um setor que responde por cerca de 90% da produção cafeeira no município.
Logo, Saegri visa ir a campo para orientar os produtores sobre como melhorar a produção e aproveitar os recursos naturais do município, visto que tudo isso tende a aumentar a renda e ampliar o nome da cidade chapadeira como uma das grandes produtoras de café gourmet.
“Esse Selo IG vem trazer justamente isso, uma ‘receita de bolo’, onde um órgão público como a Seagri pode aprender essa receita e orientar os pequenos produtores da agricultura familiar a aumentar o preço da saca de café deles e, consequentemente, melhorar sua renda”, conclui o técnico.
Jornal da Chapada