Após morar na Chapada Diamantina durante três anos, o professor aposentado da Escola de Administração da Ufba, Francisco Teixeira, escreveu um livro sobre a região chapadeira intitulado de ‘Chapada, Lavras e Diamantes: percurso histórico de uma região sertaneja’, que foi recém-lançado. Em entrevista ao Portal A Tarde, ele comentou que o grande problema de todo distrito de extração mineral é que o minério acaba um dia.
Segundo ele, quando o minério acaba na cidade, essa localidade de extração mineral decai rapidamente e essa questão ocorreu nas cidades de Mucugê e Lençóis. “Se tornam cidades-fantasmas. Isso aconteceu aqui na região dos diamantes, em Mucugê, Lençóis. A população simplesmente não tinha como viver ali e foi embora. E as cidades ficaram com prédios em ruínas e uma população muito pequena”, relata.
Para o autor, esta tendência é comum em todo distrito mineral, exceto em regiões que durante o auge da extração pensaram sobre o futuro e realizaram investimentos para evitar a decadência quando o mineral acaba.
“Ou talvez até que não haja decadência. Só que ninguém pensa nisso quando a riqueza está afluindo. Então, o resultado é que acaba e deixa lá suas marcas, na economia e na sociedade. E também no meio ambiente, porque a extração mineral pressupõe revolver solo, destruir montanhas, serras”, salienta.
Outro assunto debatido no livro do autor é a preocupação em relação aos mananciais. Teixeira percebeu durante os três anos de residência na Chapada que houve uma alteração no regime de chuvas, algo que ele considera como “principal problema da região”, embora não esteja tão crítico no momento.
“Tudo indica que vai se tornar crítico caso as previsões que são feitas pelos cientistas se tornem realidade. Eu não sou especialista em hidrologia ou climatologia, mas minha observação é que o regime de chuvas tem mudado. Isso precisaria ser confirmado com dados, mas acho que ninguém em sã consciência poderia duvidar que o regime de chuvas em todo o Nordeste está sofrendo mudanças”, disse.
De acordo com ele, a água, no caso da Chapada Diamantina, abastece Salvador e Região Metropolitana, e até a cidade de Feira de Santana, no Centro-Norte baiano. “É a água que sai da Chapada. Segundo, proporciona a agricultura irrigada. Sem a água, você não vai poder ter a produção agrícola que tem aqui hoje. E, terceiro, porque o turismo também depende de água”, complementa. Jornal da Chapada com informações de Portal A Tarde.