No centro das denúncias do esquema de corrupção das rachadinhas instalado nos gabinetes de Carlos e Flávio Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Jair Bolsonaro (sem partido), vendeu terrenos em 2011 a um empresário que confessou, em delação premiada a Lava Jato, que usava imóveis para lavar dinheiro.
As informações constam da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro – divulgadas nesta quinta-feira (23) pelo jornal O Globo e o portal Uol.
De mudança para a Noruega, em 2011, Ana Cristina vendeu terrenos em Resende, no interior do Rio, onde mora sua família de origem, ao empresário de setor de transportes Marcelo Traça.
Em 2018, em delação premiada na Lava Jato, ele admitiu que adquiria imóveis como forma de lavar dinheiro. À época, Traça também omitiu as negociações com Ana Cristina – a defesa diz agora que foi “uma transação imobiliária, como outra qualquer”.
Segundo Juliana Dal Piva, no portal Uol, a movimentação de depósitos em dinheiro vivo na conta da ex de Bolsonaro em 2011 chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
No dia 6 de julho daquele ano, houve um depósito de R$341,1 mil na conta de Ana Cristina. No mesmo dia, ela registrou a venda de um conjunto de terrenos de quase 5 mil metros quadrados, comprados quando era casada com Bolsonaro ao custo de R$160 mil cinco anos antes.
Os terrenos, porém, tinham sido avaliados pela prefeitura de Resende para cálculo de ITBI por um total de R$ 743,6 mil, quase cinco vezes o valor que foi pago. Segundo a reportagem, o conjunto de terrenos foi revendido por R$ 1,9 milhão, um lucro de 1.100%. As informações são do site da Revista Fórum.