O ator Wagner Moura, ao recordar quando visitou o túmulo de Carlos Marighella pela primeira vez, em Salvador, pontua que ele foi a síntese do seu interesse por essas figuras. A cinebiografia de Carlos Marighella estreia no Brasil na quinta-feira (4) e, para o artista, este é o capítulo final da “missão” de uma vida. “Marighella” foi exibido pela primeira vez no Festival de Berlim em 2019.
Moura costumava visitar a Bahia de seis em seis meses, mas a pandemia fez com que ele entrasse em quarentena com a família em Los Angeles, onde reside desde 2018. Em 2022, a ideia é voltar a morar em Salvador, onde tem uma casa.
Ao passar o verão em Salvador, quando o jornalista Mário Magalhães lançou a biografia de Marighella pela Companhia das Letras, ele refletiu: “Quando pensei em dirigir, queria algo com três atores. Marighella é um negócio complexo da porra. Filme grande, orçamento caro, personagem pra caralho, porrada pra tudo quanto é lado”, relembra, rindo. “Mas eu queria ver esse filme. Aí ficaram: ‘quem vai dirigir?’ Tinha de ser alguém com afinidade, era bom que fosse um baiano. Falei: ‘acho que sou eu’.”
A um mês do início das filmagens, o diretor se viu sem protagonista. Lembrou de Seu Jorge. O ator topou aos 45 do segundo tempo. “Quando ele chegou, os outros atores estavam a mil, com a porra toda em alta voltagem. E eu exigi muito dele”, diz.
Em agosto, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) havia negado a antecipação da verba de complemento para viabilizar o lançamento. “Não havia razões para que aqueles pedidos fossem negados”, pontua Moura. Em razão do retorno tímido da plateia, Wagner, que antes sonhou com público na casa do milhão, diz não ter mais expectativas. “Com as pessoas passando fome no Brasil, como é que vai comprar ingresso pra ver um filme?”.
Nos dias seguintes à estreia, o filme será exibido na ocupação Carolina Maria de Jesus, em São Paulo, e no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em Prado, na Bahia. Jornal da Chapada com informações de texto base de TAB Uol.