Somente no primeiro semestre deste ano, cerca de 64.300 casos de sífilis adquirida foram registrados no Brasil, segundo dados atualizados do Ministério da Saúde. O número é 16 vezes maior do que em todo o ano de 2010, quando 3.936 pessoas foram diagnosticadas com a doença.
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) e pode ser passada para o bebê durante a gestação ou parto. Quando há a infecção, vários sintomas podem surgir, incluindo manchas no corpo e feridas no local de entrada da bactéria que podem desaparecer sozinhas, o que dificulta o diagnóstico. Os homens representam mais de 62% dos casos de disseminação da bactéria.
“Na realidade, todas as doenças infecciosamente transmissíveis têm como motivo a falta de tratamento, porque sem ele a circulação da bactéria é muito maior. Os homens geralmente têm mais receio de ir ao médico do que a mulher e isso influencia para o maior número de casos. Não diria que essa explosão de sífilis é uma alteração de comportamento dos brasileiros”, afirma a médica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Cecília Roteli, em entrevista à CNN.
O levantamento feito pela CNN mostra que o Sudeste representa cerca de 45% dos casos. Em seguida, aparecem o Sul (22%), Nordeste (16,5%), Norte (8%) e, por último, o Centro-Oeste (7%). A ginecologista ressalta que a pandemia da Covid-19 influenciou na alta de casos, já que a população ficou afastada dos postos de saúde.
“A gente ainda deve ter um agravamento de casos de sífilis congênita, quando a mãe não tratada corretamente passa a doença para o bebê durante a gestação. Isso porque, durante a pandemia, muitas grávidas não foram ao médico de forma constante e não tiveram diagnóstico, o que é muito sério”, diz.
Somente nos seis primeiros meses deste ano, quase 11 mil (10.968) crianças menores de um ano de idade tiveram sífilis congênita, ou seja, quando é transmitida pela mãe. Quase todas elas (96,2%) receberam o diagnóstico positivo para a doença com até uma semana de vida.
As mães podem ter diversas complicações sérias por causa da sífilis, como aborto espontâneo, parto prematuro e o feto ainda pode sofrer com malformação ou cegueira. Com informações da CNN Brasil.