Na semana em que se comemora a Visibilidade Trans (29 de janeiro), a participante do Big Brother Brasil 22 (BBB 22), Linn da Quebrada, tem sofrido inúmeros ataques de transfobia por parte de outros ‘brothers’. Desde que chegou à casa mais vigiada, Linn já foi chamada de ‘ele’, ‘o Linn’, em alguns momentos. Recebeu um torpedo anônimo no feed BBB perguntando se está ‘solteiro’ e durante a primeira festa a artista foi chamada de ‘amigo’, por outra participante.
E no último domingo (23), durante o ‘ao vivo’, a cantora, mais uma vez, precisou ensinar, aos ‘brothers’ e ao Brasil, como ela deve ser tratada a partir de sua identidade de gênero – que a todo tempo está sendo desrespeitada. Ela ainda explica a tatuagem acima da sua sobrancelha. “Eu fiz essa tatuagem, na verdade, por causa da minha mãe. Porque no começo da minha transição, a minha mãe ainda errava e me tratava no pronome masculino. E eu falei: ‘mãe, vou tatuar ‘ela’ aqui na minha testa que é para ver se a senhora não errar”, iniciou Linn.
“E acho que também assim é uma indicação para todas as outras pessoas. Então ficou na dúvida? Lê, e daí vocês lembram que eu quero ser tratada nos pronomes femininos”, completou a artista.
Visibilidade Trans
Em 29 de janeiro é celebrado no Brasil o Dia da Visibilidade Trans. A ideia surgiu em 2004, quando um grupo de ativistas trans participou, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira campanha contra a transfobia. A campanha foi promovida pelo Departamento DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, com o objetivo de ressaltar a importância da diversidade de gênero. A data passou, então, a representar a luta cotidiana das pessoas trans pela garantia de direitos e pelo reconhecimento da sua identidade, principalmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida das pessoas trans no Brasil é de 35 anos. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil continua sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. O país passou do 55º lugar de 2018 para o 68º em 2019 no ranking de países seguros para a população LGBT.
Em 2019 foram 20 casos de crime de ódio, enquanto em 2020, 38 notificações. O Maior da série dos últimos quatro anos. Superando 2017, ano em que o Brasil apresentou o maior índice de assassinatos de sua história de acordo com o Altas da violência e anuário da segurança pública.
A Antra aponta, que os dados não refletem exatamente a realidade devido a política de subnotificação do estado e o aumento dela, assim como a ausência de dados governamentais, mas demonstram, a partir deste panorama, que o Brasil vem passando por um processo de recrudescimento em relação à forma com que trata travestis, mulheres transexuais, homens trans, pessoas transmasculines e demais pessoas trans. Entenda a diferença entre as identidades de gênero, que contemplam a letra “T”, na sigla LGBTQIA+:
Transexual
Termo genérico que caracteriza a pessoa que não se identifica com o gênero de nascimento. Evite utilizar o termo isoladamente, pois soa ofensivo para pessoas transexuais, pelo fato de essa ser uma de suas características e não a única. Sempre se refira à pessoa como mulher transexual ou como homem transexual, de acordo com o gênero com o qual ela se identifica.
Travesti
Pessoa que vivencia papéis de gênero feminino, sendo uma construção de identidade de gênero feminina e latinoamericana. A travesti foi designada do gênero masculino ao nascer, mas se reconhece numa identidade feminina. O termo foi por muito tempo utilizado de forma pejorativa, mas tem sido ressignificado pelo movimento LGBT, como forma de reconhecer a importância da mobilização das travestis na luta por direitos igualitários no Brasil.
Trangênero
O termo “transgênero” ou “trans” se refere a uma pessoa cuja identidade de gênero – o sentimento psicologicamente arraigado de ser um homem, uma mulher, ou nenhuma das duas categorias – não corresponde à de seu sexo de nascimento.
Entendendo a diversidade sexual
A Defensoria Pública da Bahia elaborou, em 2018, uma cartilha (https://www.defensoria.ba.def.br/wp-content/uploads/2019/01/cartilha_diversidade-sexual.pdf) que ajuda a entender os principais termos do público LGBTQIA+. Assim o leitor pode desmistificar o que foi aprendido erroneamente sobre identidade de gênero, identificar termos que estão em desuso e que são preconceitos. Redação do Pernambués Agora.