Um dia após a reunião entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, onde trataram de caminhos diplomáticos para colocar fim na tensão com os EUA, o governo russo revelou que encerrou as suas atividades militares na Crimeia, região que foi anexada por Moscou há oito anos.
Para embasar o comunicado, o governo da Rússia divulgou um vídeo com imagens de tanques e blindados atravessando a ponte que liga a Crimeia aos país russo.
A retirada do exército russo da Crimeia se dá um dia após a reunião entre Putin e Scholz. Após o encontro, foi realizada uma coletiva à imprensa, onde o presidente russo declarou que não quer guerra e o chanceler alemão afirmou que a “Europa busca a todo custo evitar um conflito armado”.
Além de reafirmar que não busca uma guerra, Putin também reforçou que está disposto a avançar em negociações diplomáticas com os EUA.
Porém, no mesmo dia em que Putin demonstrou boa vontade para seguir adiante com as negociações, o presidente dos EUA, Joe Biden, foi à imprensa e fez um duro discurso contra a Rússia e repleto de ameaças.
Durante o seu pronunciamento, Biden afirmou que “ama o povo russo”, mas voltou a afirmar que o governo de Putin pode “invadir a qualquer momento” a Ucrânia e que, caso isso ocorra, pode trazer consequências ao país, por exemplo, sanções econômicas e, em última escala, conflito armado.
A tensão entre os EUA e a Rússia envolve a inclusão da Ucrânia na OTAN, que fez tal proposta, pela primeira vez, em 2008. À época, França e Alemanha se colocaram contra a proposta e afirmaram que isso seria tensionar demais com os russos.
Neste momento, o presidente da França, Emmanuel Macron tem se colocado como um intermediador entre EUA e Rússia e tem afirmado que o presidente Putin não está interessado em anexar a Ucrânia e que também não busca invadir o país, mas que o líder russo se coloca contra a inclusão da Ucrânia na OTAN.
Apesar da tensão entre EUA e Rússia, o professor Reginaldo Nasser disse à Fórum que a possibilidade uma guerra entre as duas potências “é praticamente nula”. “Não quer dizer que não possa haver alguns confrontos no estilo que houve em 2014 e 2015, que a gente chama de ‘guerras patrocinadas’: os EUA estão jogando armas lá na Ucrânia”.
Há um outro fator pouco comentado e o que o professor comenta que é o fato de a Ucrânia estar dividida. “E é bom lembrar que a Ucrânia está dividida, porque a região de Donbass, que fica no Leste da Ucrânia, e tem uma identidade muito forte com a Rússia, que tem grupos étnicos russos muito grande, em grande quantidade e desejam autonomia da Ucrânia e esses grupos podem, como aconteceu, receberem apoio da Rússia. Mas uma invasão e uma guerra é muito improvável”, analisa. Com informações da Revista Fórum.