Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que pessoas que tiveram Covid-19 eram pelo menos 35% mais propensas a terem distúrbios mentais. Entre as condições encontradas, estavam depressão, ansiedade, estresse e distúrbios do sono.
Os dados da pesquisa mostraram que 39% das pessoas que contraíram Covid-19 eram mais propensas a serem diagnosticadas com depressão. 35% eram mais propensas a terem diagnóstico de ansiedade, 38%, transtornos de estresse e 41% com distúrbios do sono, em comparação com pessoas não infectadas.
“Parece haver um claro excesso de diagnósticos de saúde mental nos meses após o Covid”, declarou Paul Harrison, professor de psiquiatria da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que não esteve envolvido no estudo. Segundo ele, os resultados fortalecem os dados de outros estudos anteriores.
Propensão não é aumento de casos
Os dados, porém, não sugerem que a maioria dos pacientes de Covid-19 desenvolverá algum distúrbio mental, mas sim que são mais propensos a isso. O número de pessoas que efetivamente desenvolveu depressão é de 4,4%, enquanto ansiedade, estresse e transtornos de adaptação estão em 5,6%.
Segundo Harrison, não se trata de uma epidemia de ansiedade e depressão, mas de um ponto de atenção para isso. Os pesquisadores também notaram que pacientes que tiveram Covid-19 eram mais propensos a desenvolverem problemas cognitivos leves, como névoa cerebral, confusão e esquecimento.
Além dos distúrbios mentais, a Covid-19 também aumentou a propensão ao consumo de medicamentos para tratamentos desses transtornos. 55% se tornaram mais propensos a tomar antidepressivos, enquanto 65% se tornaram mais propensos a utilizar ansiolíticos em comparação com pessoas sem Covid-19.
Hospitalizações potencializaram propensão
Hospitalizações aumentaram ainda mais a propensão ao surgimento de distúrbios mentais. Crédito: IFCO/Reprodução
As hospitalizações aumentaram a propensão do surgimento de sintomas de distúrbios mentais. “Algumas pessoas sempre argumentam que ‘Oh, bem, talvez as pessoas estejam deprimidas porque precisaram ir ao hospital e passaram uma semana na UTI”, disse o autor sênior do estudo, Ziyad Al-Aly.
“Nas pessoas que não foram hospitalizadas por Covid-19, o risco foi menor, mas certamente significativo. E a maioria das pessoas não precisa ser hospitalizada”, completou o pesquisador. “Então esse é realmente o grupo que representa a maioria das pessoas com Covid-19”, finalizou. Com informações do New York Times.