Por ocasião do aniversário de quatro anos da morte da vereadora Marielle Franco, na última segunda-feira (14), bolsonaristas levantaram nas redes o nome de Celso Daniel. A insinuação surrada e repetida inúmeras vezes era a de que, assim como o caso de Marielle, o do ex-prefeito de Santo André também prossegue inconcluso. Mentira.
O jornalista e escritor Eduardo Luiz Correia se debruçou sobre o caso durante anos, pesquisa que resultou em sua tese de doutorado na Universidade de Brasília (UNB), que se transformou no livro “Caso Celso Daniel: o jornalismo investigativo em crise”, publicado em 2017. Em conversa com a Fórum, ele foi muito claro. Todas as investigações chegaram à mesma conclusão: “não tem nenhuma conotação político-partidária aquele acontecimento”.
‘Série está correta’
Eduardo inclusive ressaltou que a minissérie “O Caso Celso Daniel”, produzida pelo Estúdio Escarlate, de Joana Henning, e dirigida por Marcos Jorge, em cartaz na Globoplay, chega à mesma conclusão.
“A série levanta as questões, coloca os pontos, contraposições e depois o espectador tem a condição de tirar sua posição”. Eduardo diz ainda que “na minha opinião, que estudei esse caso, a série é muito boa, merece ser vista. Você pode eventualmente criticar um ou outro ponto ali, mas o enredo principal, a coluna central do caso Celso Daniel tá todo ali”.
De acordo com o jornalista, quem viu a série e acompanhou as notícias, “pode considerar que o caso Celso Daniel está esclarecido. As duas versões, tanto a de mando quanto a de crime comum, acabaram sendo elucidadas, a partir inclusive da série, que coloca todo o caso que a minha tese já sinalizava nesse sentido”.
Ele afirma ainda se tratar de uma grande produção. “Ouviram muita gente, a pesquisa foi feita de maneira bastante intensa, profunda e o roteiro ficou coerente pra um caso que é muito complicado” ressalta. “Eu acho que o mérito da série é ter um roteiro contextualizando todos os acontecimentos, personagens e aí, não dá pra dizer não ali. Quando você chega no final da série, acaba tendo o que pode ter sido o mais próximo da realidade dessa história toda”.
Eduardo recorda: “o Ministério Público pediu a reabertura do caso a partir de gestões com a família, pelo que me lembro uma vez, quando entrou na investigação a Dra. Elizabete Sato”. A delegada, em um primeiro momento, acreditava se tratar de um crime político. “Com o decorrer das suas próprias e novas investigações ela acabou chegando à mesma conclusão, ela corroborou a posição dos delegados que investigaram o caso no início, ou seja, de fato foi um crime comum”.
“E quem assistir a série com olhos não contaminados por crenças e posições pré-concebidas, vai chegar à conclusão que o sequestro e morte do prefeito Celso Daniel de fato foi um crime comum”, encerra Eduardo. Com informações da Revista Fórum.