Nos últimos dias, um vídeo que mostra mulheres sendo agredidas por um homem com um pênis de borracha em Kiev, capital da Ucrânia, gerou revolta nas redes sociais. Segundo relatos, as mulheres seriam romani, população que é historicamente perseguida no país.
A cena em questão, segundo veículos de mídia da própria Ucrânia, teria sido registrada em outubro de 2021 – ou seja, antes da guerra com a Rússia. A imagem ganhou repercussão, no entanto, devido aos novos registros, esses recentes, de agressões contra ciganos em ruas ucranianas.
Nessas novas imagens, essas pessoas aparecem presas com fitas adesivas e com os rostos pintados de um corante antisséptico de triarilmetano, conhecido como “zelyonka” nas antigas repúblicas soviéticas.
Um ucraniano agride mulheres de etnia romani ("ciganas") nas ruas de Kiev. A presença dos romani na Ucrânia é documentada desde o início do século XIV, mas a etnia segue até hoje como um dos grupos mais reprimidos, discriminados e perseguidos do país.
+ pic.twitter.com/uKA5AUFON1— Pensar a História (@historia_pensar) March 22, 2022
Relatos apontam que a agressão foi devido à nacionalidade das vítimas, que são romani, e praticada por membros das Forças de Defesa Territoriais, um braço voluntário recém-criado das Forças Armadas ucranianas. Em uma das fotos, é possível ver um uniforme do Exército ucraniano.
Desde 2014, quando ultranacionalistas que eram contra o presidente ucraniano Viktor Yanukovych, pró-Rússia, tomaram as ruas com protestos, em um movimento que ficou conhecido com Euromaiden e que derrubou o então governante, milícias neonazistas ganharam espaço na Ucrânia e a perseguição a povos ciganos se intensificou.
Em 2018, por exemplo, um grupo neonazista invadiu um acampamento cigano nas proximidades de Kiev, expulsaram os moradores e o incendiaram.
En Lvov o Lviv, bastión del Régimen de Kiev y ciudad que se hizo tristemente famosa por el colaboracionismo con los nazis en la SGM, han emprendido progromos y linchamientos contra personas de etnia gitana, niñas en algunos casos. La historia se repite. pic.twitter.com/OL9x47wkd8
— Paco Arnau (@ciudadfutura) March 22, 2022
Entidade denuncia maus-tratos a romani que tentam se refugiar
No último dia 14 de março, a União do Povo Romani da Espanha, entidade que atua em defesa dos povos ciganos, divulgou um texto em que denuncia maus-tratos sofridos por essa população na Ucrânia em meio à guerra.
“Chegando às fronteiras dos estados vizinhos, eles encontraram discriminação brutal em ambos os lados das fronteiras do país”, diz o chefe da entidade, Juan de Dios Ramírez-Heredia. Confira o texto completo, em espanhol, aqui. Com informações da Revista Fórum.