O presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, disse no último sábado (16) que não há qualquer possibilidade de ele e seu partido apoiarem a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. “Zero”, afirmou o deputado federal, que deve se reunir com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esta semana para rediscutir os termos da aliança em torno do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O encontro é exigência de Paulinho, que quer saber qual papel caberá ao Solidariedade na futura aliança depois que ele foi vaiado em ato que reuniu militantes e sindicalistas com Lula na quinta-feira, em São Paulo. “Diante do ocorrido, queremos saber o que pensa o PT. O Solidariedade não quer ser o patinho feio dessa aliança, queremos discutir uma aliança ampla entre aqueles que estão descontentes com o governo Bolsonaro e não apenas entre partidos de esquerda, mas de centro. Ou seja, uma aliança muito maior do que pensa talvez uma parte do PT.”
Depois da vaia, o Solidariedade cancelou a reunião da Executiva do partido, inicialmente marcada para o dia 3 do mês que vem. A data seria usada justamente para oficializar o apoio a Lula, antes do lançamento oficial da pré-candidatura petista, planejada para ocorrer no dia 7 de maio. “Foi só isso que mudou. O Solidariedade quer a aliança, mas não só com os partidos centro.”
A decisão de Paulinho de adiar o anúncio do apoio a Lula levou o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), a tentar atrair o Solidariedade. Em áudio revelado neste sábado pelo O Antagonista, o aliado de Bolsonaro afirma a Paulinho que ele será muito melhor tratado pelos apoiadores da reeleição.
“Vem pra cá. Aqui você vai ter só festa, alegria, e bons amigos cuidando de você. Nós estamos prontos para cuidar melhor de você, rapaz. Venha para o lado dos bons, das pessoas que gostam de você. Esse povo lá não presta não”, diz Ciro Nogueira na mensagem a Paulinho, que responde dizendo que estava pensando na proposta. Ao Estadão, no entanto, o deputado disse que a fala se deu em tom de brincadeira.
“Ciro é meu amigo, companheiro, independentemente de partido e de posição que ele tenha no governo. Foi uma conversa de amigos. Ele me mandou na brincadeira e eu respondi na brincadeira. Não tem nenhuma possibilidade de a gente apoiar o Bolsonaro, isso não tem dúvida”, afirmou Paulinho, que disse ter recebido uma ligação nesta manhã da presidente nacional do PT.
“A Gleisi me ligou hoje para marcar uma reunião para discutirmos essa aliança ampla. Perguntou se eu estaria em São Paulo na segunda ou na terça para fazermos uma reunião e discutirmos dentro desses parâmetros de aliança, que envolva também partidos de centro. É isso que queremos.”
Gleisi afirmou ao Estadão/Broadcast Político, na sexta-feira, que a vaia sofrida por Paulinho não teve nenhuma relação com o PT. “A vaia foi de um pequeno grupo e não tem nada a ver com o PT. A maioria da nossa militância entende como importante o apoio e presença do Solidariedade e dele Paulinho na coligação com Lula. Queremos que ele esteja conosco nessa caminhada”, disse a dirigente partidária.
Paulinho e seu partido indicavam há algum tempo que apoiariam Lula na corrida pela Presidência. O dirigente chegou a convidar o Geraldo Alckmin (PSB) a se filiar à legenda para compor a chapa com o petista. Nesta semana, o ex-governador paulista teve seu nome aprovado como vice na chapa com Lula à corrida presidencial de 2022. O Solidariedade é um dos poucos partidos de centro dispostos a apoiar Lula já no primeiro turno da eleição.
Alguns petistas costumam lembrar que o presidente do Solidariedade votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. A redação é de Adriana Ferraz, do Estadão Conteúdo via Política Livre.