Começam a nascer os primeiros bebês de casais homoafetivos formados por homens depois da atualização dos critérios de reprodução assistida no Brasil, ocorrida em julho do ano passado. Isto só foi possível graças à aprovação da Resolução 2.294/2021, do Conselho Federal de Medicina (CFM), que permite o uso de óvulos de parentes, de até quarto grau, para gerar bebês.
Os primeiros a serem concebidos depois da publicação da norma são os gêmeos Marc e Maia, filhos do casal Robert e Gustavo. As crianças, que estão com dois meses de vida, são o motivo da alegria dos pais. “É um prazer gigantesco, tem sido o momento mais especial da nossa vida. Tem momentos de desespero também: na hora que os dois começam a chorar e às vezes a gente não sabe o que fazer, aí tenta uma coisa, tenta outra, dá o leite, troca fralda, até conseguir alinhar. Mas tirando isso, é uma rotina muito animada, é muito gostoso”, diz o engenheiro Gustavo Catunda de Rezende.
O casal usou o material genético de Robert, o óvulo da irmã de Gustavo e o ventre da prima de Gustavo, que carregou os gêmeos durante as 35 semanas de gestação. A relação com a prima continua a mesma. “A gente se fala praticamente todos os dias. Infelizmente a gente mudou para São Paulo, ela está em Brasília. Mas em breve ela deve vir visitar a gente, visitar os bebês. É um prazer gigantesco, mas é sempre bom lembrar que barriga solidária não configura mudança em arranjo familiar”, explica Gustavo.
O casal de engenheiros e criadores de conteúdo montou no Instagram o perfil @2depais para compartilhar todo o processo de fertilização in vitro, gestação, parto e os melhores momentos da vida de Marc e Maya. Antes da atualização da resolução, só era permitido aos casais homoafetivos do sexo feminino a gestação compartilhada, onde uma das mulheres captava os óvulos e a outra gestava, com espermatozoides doados.
“Na resolução de 2021 entrou o entendimento de que casais do sexo masculino têm essa total liberdade. Mas, no caso do casal masculino, não podem ser embriões provenientes de espermatozoides de um e de outro, tem que ser de um ou de outro, porque a carga genética precisa ser conhecida”, explica a médica especialista em reprodução assistida na Huntington Medicina Reprodutiva, Thais Domingues.
A resolução diz: “Na eventualidade de embriões formados de doadores distintos, a transferência embrionária deverá ser realizada com embriões de uma única origem para a segurança da prole e rastreabilidade”. Outra novidade da resolução é que foi inserido o grupo de transgêneros para tratamento de reprodução assistida. No entanto, a preparação deve ocorrer antes da mudança de sexo.
Especialistas recomendam que antes de fazer a mudança de sexo, com uso de hormônio, é preciso congelar tanto o óvulo quanto o espermatozoide para, no futuro, não precisar passar pelo desconforto de parada do tratamento hormonal para tentar resgatar uma função do órgão reprodutor. Com informações da Agência Brasil.