A insegurança alimentar no Brasil superou, pela primeira vez, a média global, ao atingir patamar recorde no final de 2021. Ela afeta mais mulheres, famílias pobres e pessoas entre 30 e 49 anos, grupos que geralmente têm mais filhos, atingindo assim mais as crianças.
Realizada desde 2006 com cerca de 160 países, a pesquisa global ‘Gallup’ apontou que a taxa de insegurança alimentar na população brasileira dobrou a partir de 2014 e tem registrado crescimento desde então. A taxa saltou de 17% em 2014 para 36% no final de 2021. Pela primeira vez, ela superou a média global (35%) aferida a partir de 125 mil questionários aplicados no mundo.
“O que impressiona também é o aumento abissal da desigualdade de insegurança alimentar. Entre os 20% mais pobres no Brasil, o nível é próximo dos países com maiores taxas, como Zimbábue [80%]. Já os 20% mais ricos experimentaram queda [para 7%], ficando pouco acima da Suécia, país com menos insegurança alimentar”, afirma Marcelo Neri, diretor do FGV Social.
Além disso, segundo projeções da consultoria MB Associados, a inflação de alimentos neste ano deve chegar a 12%, bem acima do IPCA, contribuindo para agravar o quadro de insegurança alimentar. Jornal da Chapada com informações de texto base do Folhapress.