O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta terça-feira (7) que o servidor da Funai, Bruno Pereira, e o jornalista Dom Phillips, que estão desaparecidos desde domingo (5) após um trabalho de campo em Atalaia do Norte, na Amazônia, podem ter sido executados.
“O que nós sabemos, até o momento, é que no meio do caminho teriam se encontrado com duas pessoas, que já está detidas pela Polícia Federal, estão sendo investigadas. E realmente duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser acidente, pode ser que eles tenham sido executados, a gente espera e pede a Deus para que sejam encontrados brevemente”, declarou Bolsonaro ao SBT News.
Sem vestígios
Bruno Araújo Pereira, servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista Dom Phillips, colaborador do The Guardian no Brasil, estão desaparecidos desde domingo (5), quando retornavam de um trabalho de campo no Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte. Segundo informe da UNIVAJA, Bruno Pereira era alvo de ameaças de madeireiros, garimpeiros, pescadores ilegais e traficantes. Pereira e Phillips foram vistos pela última vez neste domingo no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a sedo Atalaia do Norte.
De acordo com informações da Coordenação da Organização Indígena UNIVAJA, Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 3 de junho de 2022 às 19h25. No dia 5 os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte, porém, antes pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”.
A UNIJAVA também revela que, pelo que consta nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06:00h, onde conversaram com a esposa do “Churrasco”, visto que este não estava na comunidade e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã na cidade, o que não ocorreu.
Após a demora em retornarem, às 14h saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da UNIVAJA, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, percorrendo, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado. A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.
Por fim, o grupo afirma que, a partir e informações colhidas, se constatou que a equipe recebeu ameaças em campo. Além disso, também afirmam que outros membros da UNIVAJA também foram alvos de ameaças. Os relatos e a desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Philips já oficializados para a Polícia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International. Com informações da Revista Fórum.