Há poucos meses de completar seis anos desde que parte do antigo Centro de Convenções da Bahia desabou, no bairro do Stiep, em Salvador, moradores de um condomínio ao fundo do imóvel sofrem com as invasões de cobras jibóia nas dependências do prédio. Na última visita, o animal estava na garagem e, ao se assustar com a movimentação humana, o réptil entrou no compartimento do motor de um dos carros.
“Por conta da vegetação abandonada, já é a quarta cobra que é encontrada no meu prédio e essa estava passeando no G1 e se assustou com um morador que estava caminhando entrou por debaixo do motor do carro e, aí, foi um auê no prédio. E está todo mundo agoniado, preocupado. Eu mesma moro no primeiro andar, fico com medo”, denunciou uma das residentes, que preferiu o anonimato.
Segundo os relatos da mulher, os recentes ataques de cobras se dão por conta da área do antigo centro que está abandonada, tomada pela vegetação alta. Anteriormente houve um caso em que uma moradora desceu para usar a piscina e se deparou com uma jiboia já armada, pronta para dar o bote.
“Eu mesma estou com medo. Com muito medo. Tenho medo de ir buscar o meu próprio carro. Eu sei que ela [jiboia] não não tem veneno, não é peçonhenta, mas ela se enrola e quebra ossos. Aqui no prédio, é um lugar que tem muita criança e muitos animais também”, lamentou a moradora, que ainda falou sobre uma árvore sem poda que, possivelmente, está servindo de passagem para os animais entrarem no prédio.
“O prédio tem adotado várias medidas para que [as cobras] não tenham muita facilidade de acesso. A administradora mesmo está tomando as providências. Ela faz o que o Estado faz, o que eles deveriam fazer. Ela capina a entrada do prédio porque a vegetação do centro está alta, está largada e acaba invadindo”, acrescentou a denunciante.
Como se não bastasse as cobras, a denunciante ainda falou sobre um surto de dengue e chikungunya que houve no prédio por conta do abandono do imóvel. “Foi em 2020, antes da pandemia. Várias pessoas aqui, inclusive eu, tive a chikungunya. Esse centro é um problema que se arrasta desde que desabou, em 2016. Isso é um ‘elefante branco’ que está aqui, nos incomodando. Se eles vão deixar esse ‘elefante branco’ aqui, que cuidem do ‘elefante’, pelo menos”, disse.
Parte do Centro de Convenções desabou na noite 23 de setembro de 2016 e três pessoas ficaram feridas, mas sem gravidades. Cerca de quatro dias depois, o governo informou que faria a demolição do imóvel, mas a ação foi embargada. Dois meses depois, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) penhorou o empreendimento e suspendeu qualquer tipo de obra no local. Com informações do Portal M!
Nota da Secretaria de Administração sobre o caso:
A Secretaria da Administração do Governo do Estado da Bahia (Saeb) informou que a Superintendência de Patrimônio (Supat) é responsável pela limpeza que realiza, periodicamente, os serviços de limpeza e manutenção na área do antigo Centro de Convenções.
“Entre os serviços estão roçagem, capinagem para supressão de vegetação daninha. Também é realizada, de forma rotineira, dedetização para prevenção contra insetos e outras pragas. No entanto, o imóvel é integrado por área de preservação ambiental, composta por vegetação nativa, característica do ecossistema e que não pode ser suprimida ou removida”, disse a pasta por meio de nota.
A Saeb ainda disse que a remoção da vegetação do interior do imóvel “pode ocasionar danos ao meio ambiente e gerar impactos às dunas, que estão dentro da área de conservação”.