Brunna Letícia Venancio, de 29 anos, foi demitida pelo próprio pai após fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, em setembro do ano passado. A jovem, moradora de Macapá, conta ter entrado com um processo judicial contra o pai.
Ela escreveu, logo após os discursos de Bolsonaro durante o Sete de Setembro do ano passado: “Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre.”
O pai então respondeu em áudio pelo WhatsApp: “Bom dia, Brunna. Antes de ter as suas exposições de ira e deboche em suas posições políticas, lembre em respeitar quem está do outro lado, não se esqueça que eu tenho posições antagônicas.”
Entrou na Justiça
Ela disse ao Globo que entrou na Justiça “com um misto de indignação, tristeza e decepção. Eu não queria chegar a esse extremo. Não é fácil processar o próprio pai”.
Em outro desentendimento sobre política, ela contou também: “Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então eu não tocava mais no assunto. Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto.”
Brunna, que é tatuadora também, atuava como supervisora de cadastro e vendas na empresa Grupo Popular, em que seu pai é sócio. Ela foi dispensada sem justa causa. No processo, a empresa negou que a demissão da mulher estivesse relacionada com suas opiniões políticas.
A decisão
Decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, da última sexta-feira, estabeleceu que ela deverá ser indenizada em R$ 20 mil por danos morais.
Para a juíza Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, a mensagem de áudio enviada pelo pai exemplifica como as opiniões políticas da mulher suscitavam atritos entre os dois.
Ela entendeu que a conduta da empresa viola a legislação por promover discriminação por opinião política. A empresa ainda pode recorrer da decisão. Redação da Revista Fórum com informações do Globo.