Andréa Mattos, a delegada que investiga os ataques racistas sofridos pelo cantor Seu Jorge durante show em Porto Alegre (RS) na última sexta-feira (14), afirmou que pretende intimar a depor ainda nesta terça-feira (18), o presidente do Grêmio Náutico União, tradicional clube gaúcho e local onde ocorreu a apresentação.
“Dei um prazo de três dias para o clube nos fornecer as imagens e vou intimar o presidente do clube e pedir para que seja identificada a equipe organizadora. Depois disso, quero analisar as imagens e verificar o que foi dito. Na sequência quero ouvir testemunhas”, diz a delegada.
Ela também pede que pessoas que tenham ido ao show e presenciado os atos se manifestem tanto na delegacia quanto pelo WhatsApp (51) 98595-5034.
Já assistiu vídeos
A delegada diz também que pelo que já tem visto nos vídeos que circulam pelas redes sociais, houve prática racista na apresentação, mas que possíveis prisões são mais difíceis de acontecer. “Obviamente a mancha na ficha criminal de quem comete esse ato é pesada”, reforça.
Andréa Mattos disse também que “a ideia é ouvir todos, inclusive pessoas que estavam trabalhando no dia. Vamos ver se conseguimos identificar os autores. Queremos concluir esse e outros casos sempre num tempo pequeno, mas dependemos de vários fatores”.
O presidente do clube gaúcho deverá ser ouvido na manhã de quinta-feira (20).
Seu Jorge comenta
O cantor Seu Jorge postou na noite desta segunda-feira (17), um vídeo de quase dez minutos em seu canal do YouTube, com a bandeira do estado do Rio Grande do Sul ao fundo, em que comenta pela primeira vez sobre os ataques racistas. Veja abaixo:
Relembre o caso
Os ataques racistas ocorreram logo após o final do show, quando Seu Jorge e sua banda se preparavam para fazer o bis:
“Começaram a gritar ‘mais um, mais um’, mas, logo em seguida, alguns sons de ‘uh, uh’. Primeiro, eu pensei que estavam vaiando. E já parecia estranho pra mim uma pessoa num show começar a vaiar. Depois, eu vi que eram movimentos de macaco. Cheguei a ouvir ‘negro vagabundo, vagabundo’ e, depois, pessoas gritando ‘mito, mito'”, disse uma pessoa que estava no evento e prefere não ser identificada. Redação da Revista Fórum com informações do F5, do UOL.