Os dias passam na França, mas a revolta com o brutal e absurdo assassinato da menina Lola Daviet, de 12 anos, moradora do 19º Arrondissement de Paris, na última sexta-feira (14), apenas aumenta. A criança desapareceu após sair da Escola Georges Brassens, a pouco metros de sua casa, e foi encontrada numa grande caixa plástica, num estacionamento público de uso comum dos residentes da localidade onde vivia.
Ele foi abusada sexualmente e tinha marcas e lacerações no pescoço, ainda que a perícia tenha apontado asfixia como causa da morte. A assassina é uma mulher de 24 anos, argelina, identificada como Dahbia B., que teria graves problemas mentais, de acordo com os primeiros informes oficiais.
No entanto, as novas informações obtidas pela Polícia Nacional e pelo Ministério Público da França têm aumentado a indignação da opinião pública, tornando o caso macabro um alvo de discussões e debates.
Os investigadores não trabalhavam, até então, com uma motivação, já que Dahbia B. teria histórico de problemas mentais severos, mas uma apuração mais detalhada mostrou que uma motivação, extremamente fútil, estaria por trás do ato atroz e insano da criminosa.
A mãe de Lola é a “guardiã” (espécie de síndica) do edifício em que mora com a família, que é o mesmo onde a irmã de Dahbia B. vive, de forma legal. A acusada de assassinato coabitava o apartamento com a irmã, a responsável pelo imóvel. Dabiah B. teria pedido uma chave de acesso ao prédio para a mãe da menina, para entrar com mais facilidade e sem precisar que a irmã abrisse a porta da rua para ela. Só que a “guardiã” a negou a cópia.
Preliminarmente, os policiais acreditam que esse episódio pode ter gerado toda a tragédia, uma vez que Dahbia teria passado a alimentar um sentimento de vingança contra a mulher responsável pelo edifício.
Na outra ponta do problema está a condição migratória de Dahbia B., que entrou na França legalmente há seis anos para estudar, vinda da Argélia, um país do Norte da África de população árabe e que foi uma das mais importantes colônias da França até os anos 60. Só que a jovem não renovou seu status como estrangeira nos últimos anos e se meteu numa série de confusões.
Sua situação irregular e a “ficha” de encrenqueira e problemática fizeram com que as autoridades de imigração francesas entregassem a Dahbia B. uma ordem chamada OQTF (Obligation de Quitter le Territoire Français, que em português significa Obrigação de Deixar o Território Francês), que dá 30 dias para uma pessoa indesejável e em condições ilegais ir embora do país.
O problema é que a assassina recebeu essa ordem das autoridades francesas em 20 de agosto, ao passar por um aeroporto de lá, e ignorou a medida, permanecendo no país europeu. As normas frouxas, que em vez de deter e custodiar pessoas “expulsas” até que elas sejam colocadas num avião para ir embora, têm gerado uma avalanche de críticas contra o governo, sobretudo por oposicionistas de extrema direita do presidente Emmanuel Macron, que agora o cobram por ter deixado uma pessoa perigosíssima solta na França, com uma ordem de expulsão, esperando que ela mesma cumprisse a determinação das autoridades imigratórias.
Pontos ainda sem explicação
A Polícia Nacional e o Ministério Público da França ainda não conseguiram compreender alguns fatos relacionados ao assassinato da pequena Lola. A princípio, algumas dinâmicas e atitudes de Dahbia B. parecem apontar para uma espécie de ritual, já que os pés da menina estavam com duas inscrições: um número zero num e o número um no outro. Alguns veículos franceses informaram também que a acusada teria dito que bebeu o sangue da menina, mas as autoridades não confirmaram a notícia, embora não a tenham negado. Com informações da Revista Fórum.