O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) foi nomeado em um cargo comissionado na Câmara dos Deputados, na liderança do PTB, partido que Roberto Jefferson era o presidente. O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha na época 18 anos, era calouro de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e passou a receber o equivalente a R$ 9,8 mil por mês.
A nomeação, de acordo com informação da BBC Brasil, era irregular, pois Eduardo Bolsonaro morava e estudava no Rio de Janeiro e o cargo só poderia ter sido preenchido por alguém que desse expediente no Congresso, já que esse tipo de função tem “por finalidade a prestação de serviços de assessoramento aos órgãos da Casa, em Brasília. Desse modo, (os servidores) não possuem a prerrogativa de exercerem suas atividades em outra cidade além da capital federal”.
O próprio Bolsonaro confirmou a contratação em 2005, durante um debate sobre nepotismo: “Já tive um filho empregado nesta Casa e não nego isso. É um garoto que atualmente está concluindo a Federal do Rio, uma faculdade, fala inglês fluentemente, é um excelente garoto. Agora, se ele fosse um imbecil, logicamente estaria preocupado com o nepotismo”, disse Jair Bolsonaro no debate em sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, segundo reportagem do arquivo do jornal O Globo.
A BBC News Brasil encontrou a comprovação de contratação de Eduardo Bolsonaro em pesquisa no site da Câmara dos Deputados:
Eduardo Bolsonaro não lembrava do cargo
Eduardo Bolsonaro foi perguntado pela BBC News Brasil, em 2019, sobre a função na Câmara, em 2003. Ele demonstrou não ter memória de seu primeiro emprego público formal.
Eduardo Bolsonaro – Dois mil e…?
BBC News Brasil – 2003.
Eduardo Bolsonaro – Tá.
BBC News Brasil – Como é possível isso?
Eduardo Bolsonaro – Ué, você nunca conseguiu trabalhar e estudar ao mesmo tempo na sua vida, não?
BBC News Brasil – Em cidades diferentes?
Eduardo Bolsonaro – Em cidades diferentes?
BBC News Brasil – O sr. era servidor aqui em Brasília e cursava no Rio, não?
Eduardo Bolsonaro – Assumindo alguma atividade partidária… Agora… Em 2003?
BBC News Brasil – Em 2003 e 2004, por 16 meses.
Eduardo Bolsonaro – Olha, eu teria que puxar forte pela memória aqui então… Mas eu acho que não teria problema nenhum, conseguir trabalhar, prestar um serviço partidário. Inclusive eu já tive assessor meu que eu encontrava com ele uma vez por mês no máximo, né? (O assessor) prestava a minha assessoria de maneira local no litoral de São Paulo.
Jefferson também não lembrava
Aliado do governo Bolsonaro e presidente do PTB, Roberto Jefferson disse não se lembrar se Eduardo Bolsonaro trabalhou na liderança do partido no período em que ele era o líder petebista na Câmara. E sugeriu que a reportagem procurasse a liderança atual do partido. Esta, por sua vez, não respondeu ao pedido de entrevista. Redação da Revista Fórum.
Leia reportagem completa na BBC Brasil