Aliados do presidente Bolsonaro continuam sendo beneficiados em esquemas pouco republicanos nos últimos dias antes do apagar das luzes. O agraciado da vez é o ex-piloto de Fórmula 1 e apoiador do presidente, Nelson Piquet. Sua empresa de tecnologia, Autotrac, terá renovado o contrato sem licitação que possui com órgão do governo federal no próximo dia 27, de acordo com informação da Folha de S. Paulo.
O serviço é prestado para o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão da administração direta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sem ter passado por qualquer processo licitatório, a empresa de Piquet assinou o documento em 2019, no valor de R$ 3,5 milhões e no final do ano seguinte o valor foi aumentado para R$ 6,6 milhões.
De acordo com as cláusulas contratuais, pode ser renovado anualmente até 2026, a critério do Poder Executivo. Com prazo de vencimento no próximo dia 27, o Inmet informou à reportagem da Folha que o compromisso será renovado por mais um ano.
“Este será o último sem licitação”, afirmou o representante do órgão. “Vamos abrir processo para que novas empresas atuem no fornecimento de um sistema semelhante ao Omnisat”.
De piloto a motorista
Nelson Piquet não é apenas um simples apoiador de Bolsonaro, ele atuou como motorista particular do presidente durante os eventos do feriado de 7 de setembro em 2021, e sua casa foi uma espécie de base para a família Bolsonaro durante o governo. Além disso, fez uma doação de mais de R$ 500 mil para a campanha eleitoral, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Recentemente o empresário tem participado de manifestações golpistas e chegou a desferir discursos violentos contra o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, registrados em um vídeo que circula nas redes sociais: “Vamos botar esse Lula, filho de uma puta, para fora. É Lula lá no cemitério, filho de uma puta”, esbravejou Piquet.
Exclusividade
A Autotrac detém a patente do sistema Omnisat, que oferece suporte na comunicação de dados e controle das estações meteorológicas do Inmet. Segundo representante do órgão, “não é possível abrir mão da Autotrac, neste momento, e deixar empresas aventureiras no lugar, colocando em risco o monitoramento das estações no Brasil”. De acordo com o instituto, os contratos são renovados anualmente, sem licitação, porque a companhia possui exclusividade no fornecimento em território nacional.
Entretanto, apenas neste ano o Inmet permitiu teste com outras empresas, sem qualquer explicação do motivo de não ter aberto tal possibilidade anteriormente. Algumas empresas têm participado de testes de quebra de patente, enquanto o edital de licitação não é oficializado. As informações são da Revista Fórum.