O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), abriu investigações nesta quarta-feira (14) sobre a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL), aliados e entorno na difusão de teorias conspiratórias que negam os resultados das eleições, assim como da chamada gastança eleitoral, com a qual o atual presidente concedeu benefícios de forma ilegal durante a campanha.
A investigação sobre a gastança eleitoral advém de uma ação diferente da que prevê a investigação a respeito das narrativas negacionistas sobre o sistema eleitoral. Ambas foram protocoladas pela Coligação Brasil da Esperança, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o futuro presidente do Brasil em 30 de outubro.
Ataques ao sistema eleitoral
Entre os investigados pelos ataques ao sistema eleitoral estão dois filhos de Jair Bolsonaro: Flávio, que é senador pelo PL-RJ, e Eduardo que é deputado federal pelo PL-SP.
Outro nome de destaque entre os investigados é o de Carla Zambelli, também do PL. Trata-se da deputada federal eleita que estava a poucos metros de concentração petista no dia do segundo turno das eleições acompanhada de um grupo fascista armado. Ela chegou a perseguir um eleitor petista na rua que a provocou com uma velha história, não confirmada, de que tenha trabalhado como prostituta na Espanha. Um dos seus capangas chegou a disparar contra o homem.
Completam a lista os deputados federais eleitos Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), o senador eleito Magno Malta (PL-ES) e o candidato derrotado à vice-presidência general Braga Netto.
As autoridades eleitorais querem apurar se houve a prática do uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político, com fins de difundir as narrativas falaciosas. Pretende-se investigar condutas e acontecimentos de antes, durante e depois da campanha que tenham tido o objetivo de propagar desconfiança sobre o Estado Democrático de Direito.
Entre as práticas anteriores à campanha, está a reunião de Bolsonaro com embaixadores no Palácio do Alvorada, dias antes do primeiro turno, onde fez mais ataques às urnas.
Gastança eleitoral
Já na investigação sobre a gastança eleitoral os alvos são Jair Bolsonaro e Braga Netto. A apuração quer saber se houve a prática de abuso do poder econômico durante o segundo turno das eleições. Entre os fatos questionados pela Coligação Brasil da Esperança junto ao TSE está a antecipação do Auxílio Brasil e do Auxílio Gás, o aumento desenfreado do número de beneficiários dos mesmos programas e as antecipações de pagamentos a taxistas e caminhoneiros, entre outros, todos ocorridos durante o mês do segundo turno.
Gonçalves deu cinco dias para que os alvos das investigações apresentem suas defesas. Redação da Revista Fórum com informações do g1.