O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quarta-feira (5), onde afirmou em depoimento que só teve conhecimento da existência das joias as quais é acusado de adicionar de forma irregular ao seu acervo pessoal em dezembro de 2022, um ano depois da entrada das mesmas no país. Além disso, o líder da extrema direita brasileira também afirmou que não se lembra quem o teria avisado sobre o pacote de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que estaria retido na Receita Federal do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
O depoimento de Bolsonaro durou cerca de 3 horas. O ex-presidente falou a respeito dos 3 pacotes de joias dados supostamente a ele e sua esposa Michelle pela ditadura da Arábia Saudita. Após a sessão, foi para a mansão onde está morando em Brasília.
O primeiro pacote, endereçado à ex-primeira-dama, continha um jogo de joias de alto luxo avaliado em R$ 16,5 milhões e acabou apreendido pela Receita Federal quando o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentava trazê-lo ao país sem fazer a devida declaração.
Um segundo pacote, que Bento Albuquerque e sua comitiva conseguiram contrabandear na mesma ocasião, foi entregue a Bolsonaro em dezembro do ano passado. Avaliado em cerca de R$ 400 mil, o pacote continha peças como abotoaduras, caneta, relógio e rosário da marca Chopard – a mesma do primeiro pacote. O ex-presidente entregou este segundo pacote recentemente.
Logo após a entrega dele, surgiu um terceiro e mais antigo pacote de joias, que remonta de sua primeira visita ao país, em 2019. Dentro dele, um relógio Rolex de ouro e diamantes acompanhado de outras joias. O valor avaliado é de aproximadamente R$ 500 mil. Somados, os 3 pacotes beiram os R$ 18 milhões, uma quantia e tanto para alguém que sempre vendeu a imagem de homem simples e desapegado de itens de luxo.
Entre as explicações de Bolsonaro à PF nesta tarde, uma delas vem justamente para “corrigir” essa contradição. O ex-presidente afirmou que tentou reaver as joias para evitar um suposto “vexame diplomático com a Arábia Saudita”. Seu principal medo era que caso os sauditas tomassem conhecimento da apreensão das joias na Receita Federal, o governo e a diplomacia brasileira seriam constrangidos com a situação.
Em teoria, presentes desta natureza deveriam ser enviados ao acervo da Presidência da República ao invés do acervo pessoal do presidente. O inquérito da PF sobre o qual Bolsonaro foi ouvido busca justamente investigar possíveis crimes de peculato do ex-presidente nas suas tentativas de ficar com as joias. As informações são da Revista Fórum.