Dos 27 parlamentares que assinaram o pedido de instalação da CPI na Assembleia Legislativa para investigar as ações promovidas pelo MST na Bahia, dez são de partidos da base do governo. São deputados de siglas aliadas de primeira hora do governador Jerônimo Rodrigues (PT), a exemplo do PSD e do PV, e de adesistas do PP, PL e Solidariedade, que passaram a integrar a base este ano. Com a pressão exercida pelos produtores rurais pela criação da comissão de inquérito, a tendência é que não ocorram baixas suficientes nas assinaturas para inviabilizar a instalação do colegiado.
Reservadamente, ao menos dois signatários do requerimento que pede a criação da CPI, proposta pelo deputado Leandro de Jesus (PL), informaram ao site Política Livre que apoiaram a criação da comissão a pedido de produtores rurais. “Se a gente não assina a pressão é muito grande. O MST tem abusado demais e criado esse clima de confronto, que é ruim para todo mundo e pode motivar atos de violência no campo”, disse o parlamentar governista ao site.
Além disso, alguns parlamentares que assinaram o documento são proprietários de terra e também se sentem ameaçados pelas ações do MST – ou possuem vínculos pessoais com produtores. Vale lembrar que a partidos como o PT e o PCdoB são contrários à CPI porque possuem relações políticas próximas com o MST e defendem as ações do movimento como necessárias para a reforma agrária.
A base do governo Jerônimo também é contra a instalação da comissão, mas o líder da maioria, Rosemberg Pinto (PT), admitiu que não cogita forçar os aliados a retirarem assinaturas do requerimento já protocolado na Mesa Diretora da Assembleia. A estratégia da bancada da maioria deve ser a de questionar a legitimidade da CPI e pressionar para que o presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), não instale a comissão. Caso o colegiado seja instalado, o governo pretende manobrar para esvaziá-lo.
No próximo dia 25, produtores rurais planejam realizar uma manifestação na Assembleia contra as invasões do MST e a insegurança no campo. Os deputados estão sendo informados do ato, promovido por pecuaristas e agricultores. Será mais uma forma de pressionar os parlamentares no Legislativo.
Nesta segunda-feira (10), Adolfo Menezes, um dos signatários da CPI, disse que a comissão será instalada se o requerimento estiver “dentro dos conformes”. O deputado, que é da base governista e tem propriedade rural, prometeu anunciar nesta terça-feira (11) os próximos passos sobre a tramitação do pedido.
Segundo Leandro de Jesus, a CPI pretende investigar os autores e financiadores das invasões promovidas pelo MST na Bahia. O parlamentar acredita que o PT é leniente com as ações do movimento. Já os defensores dos sem-terra alegam que o objetivo é a defesa da reforma agrária. As ocupações, inclusive de prédios públicos, se intensificam este mês por conta do Abril Vermelho, quando o MST lembra o massacre do Eldorado dos Carajás. As informações são do Política Livre.