O cadeirante Angelino Caquinda Cassova Domingos entrou em contato com o site Banda B para fazer uma denúncia de um possível caso de capacitismo e racismo que teria sofrido em um ônibus do transporte público de Curitiba, na noite da última terça-feira (6).
Ele estava a caminho de casa após sair do trabalho quando, na região do Passeio Público, se deparou com outra passageira, que se negou a dar licença quando houve o pedido para a passagem. A situação gerou uma confusão entre boa parte daqueles que presenciaram o caso no transporte público.
O site Banda B obteve acesso ao vídeo, que também foi divulgado nas redes sociais. Inicialmente, é possível notar a mulher que estava gravando pedindo a passageira acusada de racismo e capacitismo que desse licença a Angelino.
Ela, por outro lado, faz pouco caso do pedido. Angelino se aproxima e tenta conversar com a mulher. Porém, os ânimos crescem entre todos e inicia-se uma discussão. Em determinado momento das imagens é possível ouvir que a mulher solta a seguinte frase: “Estamos na floresta, agora?”.
Após este momento, os demais passageiros reagem. Palavrões também são proferidos na discussão, que termina com a acusada sentando no banco e permitindo a passagem de Angelino.
A versão do estudante de Direito da UFPR
O estudante do oitavo período de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) explicou ao site Banda B que esta foi a segunda vez que aconteceu a situação de ter que entrar pelas portas 4 do biarticulado. Ele relatou ter enfrentado problemas no elevador da estação-tubo do Passeio Público, ao pegar o ônibus da linha Santa Cândida/Capão Raso, sentido Norte.
Segundo ele, os cobradores que ficam nas estações-tubo costumam protocolar os problemas existentes nos elevadores que levam cadeirantes até a entrada pelas portas 3. No entanto, não foi possível usar o elevador disponível na estação-tubo, da qual ele adentrou ao ônibus biarticulado, na noite desta quarta.
Então, entrei na quarta porta e encontrei a mulher parada, que não queria sair. Com toda a educação pedi para ela sair do espaço e confirmar para mim, mas ela foi muito dura. Ela disse que ‘não iria sair porque não tinha porque sair’. Na hora, eu pensei que iria piorar. Quando ela usou a expressão: ‘eu não estou na floresta’ e ‘eu também não sou culpada de você ser assim, desse jeito’, eu falei: ‘por favor gente, liguem as câmeras e filmem’ porque meu celular está sem bateria.
Segundo Angelino, neste momento, ele passou a se sentir muito mal. Ele explicou que, embora tenha ficado nervoso, procurou agir com calma diante da situação tensa.
Me senti muito humilhado. Nunca passei por uma situação como esta. A partir daí, foi indo. Cheguei em outro tubo, tinha que apanhar outro ônibus para poder descer em outro tubo, que fica próximo da minha casa. (…) Ela usou o racismo e o preconceito com pessoas com deficiência. Me senti muito mal, mas não sabia que uma situação como aquela poderia repercutir deste jeito.
O entrevistado afirmou que não registrou um boletim de ocorrência (BO) sobre o caso relatado acima. Conforme apurado pelo site Banda B, a Guarda Municipal (GM) não foi acionada para atender a ocorrência.