Um caso que inicialmente vinha sendo tratado como acidente doméstico tomou um outro rumo nos últimos dias, em consonância com relatos de vizinhos da vítima. Após passar mais de um mês em coma, com a maior parte do corpo queimado, Dara Cristina de Andrade Rossato, de 27 anos, moradora de Franca (SP), despertou e fez uma revelação assustadora aos familiares e médicos. Ela havia sido alvo de uma tentativa de feminicídio e o autor do crime bárbaro teria sido seu marido.
“Isso aqui que eu estou passando é resultado dele, resultado do machismo dele. Ele ainda me bateu, eu só quero que ele vá preso, só isso. Estou sofrendo muito, só Deus sabe o tanto que eu estou sofrendo. Por favor, põe ele na cadeia, só isso que eu quero, que ele vá preso e pague o que ele fez comigo”, disse a jovem num vídeo gravado por familiares e encaminhado às autoridades.
Dara teve o corpo quase totalmente queimado com álcool no dia 26 de maio e precisou ser internada na UTI da Santa Casa de Franca, inconsciente. Ela foi intubada e desde então passou a travar uma luta pela vida. Por conta da extensão dos ferimentos, a paciente precisou ser transportada para o Hospital das Clínicas de São Paulo, onde seguiu inconsciente e monitorada pelos médicos.
Na ocasião do terrível fato, o marido de Dara, que não teve a identidade revelada, afirmou aos policiais que a companheira tinha se queimado porque “estava mexendo com álcool e acendeu um isqueiro”, provocando uma explosão. No entanto, vizinhos relataram à polícia, dias depois do ocorrido, que ouviram uma discussão entre a mulher e o esposo, momentos antes dela começar a gritar por socorro.
O homem seguiu dizendo que não tinha qualquer relação com o “acidente” e que inclusive teria ajudado a socorrer Dara, chamando o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), ainda que a Polícia Civil tenha mudado o registro da ocorrência de acidente doméstico para tentativa de feminicídio.
“Pelo que nós apuramos na investigação policial e no inquérito policial com oitivas de parentes, familiares e vizinhos e, mais importante, o próprio vídeo gravado, é que a Dara aponta seu companheiro como o autor. Vizinhos escutaram o casal brigando no interior da residência. Dada a gravidade dos fatos, solicitamos à Justiça a prisão cautelar e foi decretada. Entretanto, apesar das diligências, ele não foi encontrado até o momento”, falou o delegado Márcio Murari, que preside o inquérito que apura o crime, em entrevista ao portal g1. As informações são do G1.