Na noite deste domingo (30), pela primeira vez a Bahia estará representada no quadro ‘Pequenos Gênios’, do programa Domingão com Huck, da Rede Globo. O pequeno Orlando da Silva Dahro Neto, de 12 anos, vai participar da competição ao lado de mais duas crianças. O trio vai concorrer com outra equipe, para ver qual consegue acertar o maior número de questões, em diversas áreas.
O quadro reúne crianças de todo o Brasil com altas habilidades em lógica, memorização, cálculos, soletração, e mais. Chama atenção dos telespectadores o altíssimo nível de conhecimento dos estudantes, que, em sua maioria, têm QI elevado, ou seja, acima de 110. Orlando Neto é um dos poucos seres humanos a atingirem esse coeficiente superior à média.
Natural de Feira de Santana, cidade que fica a cerca de 100 km de Salvador, o menino passou por avaliação neuropsicológica e o laudo concluiu que ele tem um QI de 132 na Escala Wechsler de Inteligência para Crianças, número atribuído aos superdotados. As maiores habilidades dele são nas áreas de conhecimento visuais e espaciais, além de matemática.
A química Juliana Silva, mãe de Orlando, conta que o filho começou a apresentar os primeiros sinais de que tinha enorme facilidade de aprendizado aos 3 anos de idade. Aos 4 anos, já sabia ler plenamente, dois anos antes do que é estipulado para a alfabetização infantil regular. Nessa época, ele era “fissurado” em gibis e tinha curiosidade sobre a vida dos dinossauros.
“No início, os professores me abordavam e diziam que o Orlando fazia perguntas que eles não sabiam responder, além de aprender o conteúdo do dia em apenas 15 minutos”, lembrou Juliana.
Aos 6 anos de idade, Orlando começou a demonstrar interesse por artes plásticas e música. “Eu gosto de MPB. E gosto de Van Gogh”, disse timidamente o menino, que toca teclado e também é admirador dos pintores Edgar Degas e Paul Cézanne – o garoto já chegou a fazer uma releitura da obra “Os Jogadores de Cartas”, do impressionista francês.
Em 2020, quando surgiu a pandemia de Covid-19, em meio ao isolamento social, Juliana percebeu a necessidade de ensinar mais conteúdos ao filho, para além do que é abordado nas escolas. Foi então que ensinou para Orlando a primeira Lei de Newton: o princípio da Inércia.
“Coloquei questões da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) e ele acertou todas. Eu achei incrível, já que Orlando tinha apenas 8 anos”, explicou.
Apesar de ainda estar no 7º ano do Ensino Fundamental, Orlando Neto já planeja ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerado um dos mais exigentes do país, e se formar programador. No passado, o apaixonado por dinossauros queria ser paleontólogo.
Independentemente da escolha, que pode mudar no futuro, certamente ele vai atingir o objetivo que traçar. O pequeno tem uma rotina de estudos intensa, de 4 a 5 horas por dia dentro de casa, sem contar o tempo de sala de aula. A concentração estendida é uma das principais características dos superdotados.
“Ele é autodidata. Estuda sozinho, sem acompanhamento, porque é assim que ele gosta. Além de estudar para a escola, ele gosta de pesquisar coisas de programação, de computação”, destaca Juliana, acrescentando que ele gosta de matemática indiana e também de “brincar” com o ábaco, antigo instrumento utilizado para cálculos.
Orlando está em processo seletivo para a Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas com altas capacidades intelectuais no país. Atualmente, no estado, apenas 11 crianças fazem parte da associação. Para ingressar, é preciso comprovar o QI elevado através de diversos testes neuropsicólogos.
Participação em programa e vida escolar
Atualmente, Orlando mora em Ipirá, cidade da região de Feira de Santana. Ele se inscreveu pela primeira vez para participar do quadro quando estreou, em 2020, mas só agora, na segunda edição, foi convocado para a disputa, na.
Tímido e introvertido, Orlando enfrenta problemas de socialização no colégio particular onde estuda. “Ele não tem amizades na escola, só quando está com os coleguinhas do programa que ele se solta. Quando estão juntos, parece um clã”, diz a mãe.
“Ele sofria muito com a falta de inclusão, pois ninguém queria estar com ele. Orlando chegava em casa dizendo que ninguém queria brincar. Certa vez, até o chamaram de ‘maluco’, por ser diferente”, desabafou Juliana.
Outro desafio enfrentado por Orlando com o dia a dia na sala de aula é a falta de atividades que atendam às necessidades específicas dele, já que muito do que é passado pelos professores, ele já sabe. “Alguns não entendem que a cabeça dele funciona de uma forma diferente”.
Por tudo isso, Juliana sonha que o filho ingresse do Instituto Alpha Lumen, ONG sem fins lucrativos que fica no interior de São Paulo e desenvolve uma série de projetos educacionais para contribuir com a educação brasileira, entre eles a escola Alpha Lumen, voltada para lideranças e pessoas com altas habilidades.
Enquanto a oportunidade não vem, Orlando segue com a rotina de estudos, mas sem deixar de fazer coisas que outras crianças gostam. O menino curte jogos eletrônicos, gosta de futebol, torce pelo Corinthians e pelo Barcelona, e adora brincar com o irmão mais novo, de três anos.
“Ele tem essa questão da inteligência, mas é apenas um menino. Ele gosta muito de estudar e espero que seja uma inspiração para outras crianças baianas”, disse Juliana.Jornal da Chapada com informações do portal G1