Localizada em Itaetê, município da Chapada Diamantina, a Serra da Chapadinha possui uma diversidade natural que chama a atenção de moradores locais e turistas. Porém, ao longo dos últimos anos, a área vem sendo atraída por mineradores sedentos pelos recursos naturais da região chapadeira, obrigando entidades e prefeituras a se juntarem em busca de uma solução.
Além de possuir uma vegetação cênica, a Serra da Chapadinha também desempenha um papel intransferível no abastecimento de vários rios, incluindo o Paraguaçu, um dos rios mais importantes do estado e fonte de água para inúmeras pessoas. Devido a esse papel, o reduto natural é de extrema importância para a segurança hídrica do estado.
Apesar de toda riqueza ambiental, como já foi denunciado no Jornal da Chapada, atualmente o local está sendo vislumbrado por uma empresa de mineração, que, inclusive, já começou a realizar alguns processos de desmatamento, trazendo algumas inseguranças para a população local, que depende das águas da Serra da Chapadinha.
Pensando nesse problema, ambientalistas locais, órgãos públicos, prefeituras dos municípios localizados na Bacia do Paraguaçu, a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o Instituto Chico Mendes de Conservação do Meio Ambiente (ICMBio) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), têm cobrado do Governo da Bahia urgência na criação da Unidade de Conservação (UC) da Serra da Chapadinha.
As Unidades de Conservação são uma categoria estabelecida pela Lei Federal 9.985 de 2000, que garante uma série de regulamentos para a gestão e utilização de áreas verdes específicas. Essas áreas podem ser classificadas em duas principais opções: as unidades de conservação de uso muito restrito, com o objetivo principal de preservar a natureza e seus recursos naturais, e as unidades de conservação de uso sustentável, que permitem a utilização dos recursos naturais de forma sustentável, desde que seja preservada a biodiversidade e o equilíbrio ecológico.
Ibicoara foi um dos municípios que demonstrou apoio à criação da UC no território da Serra da Chapadinha. Além de Ibicoara, as prefeituras de Palmeiras e Itaberaba também estão na luta pela implementação da unidade de conservação.
Andamento do projeto
O deputado estadual Hilton Coelho (Psol) também participa dessa empreitada. Em indicação apresentada à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e endereçada ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), o político propôs que fosse criada a UC da Serra da Chapadinha como medida de preservação e conservação da potência hídrica.
“A Serra da Chapadinha é atualmente uma das maiores e principais zonas de recarga da bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu, que é responsável pelo fluxo de abastecimento de água para Salvador e região metropolitana. Esses fluxos de água se iniciam em áreas de recarga hídrica em locais de maior altimetria na Chapada Diamantina, locais com vegetação e brejos de altitude, alimentando as águas superficiais e subterrâneas seguindo pelos afluentes até o consumidor final. Se as nascentes e as zonas de recarga hídrica perderem suas condições naturais, toda a extensão será comprometida até a torneira do consumidor final, inviabilizando assim o valor mais absoluto do direito a água”, detalhou o legislador.
No início de junho, um grande passo foi dado para a efetivação do programa. Foi aprovado na mesa diretora da Alba, sem ressalvas, o projeto de indicação para a criação da Unidade de Conservação da Serra da Chapadinha elaborado pelo deputado Hilton Coelho. Com isso, a aprovação depende exclusivamente da autorização do governador Jerônimo.
Enquanto isso, as comunidades do entorno da Serra da Chapadinha seguem aguardando e pressionando as autoridades para que a mineração não invada de vez um dos paraísos ecológicos da Chapada Diamantina. Jornal da Chapada com informações do portal Brasil de Fato.