A Polícia Federal pediu que o chefe da facção criminosa Bonde do Maluco, conhecida como ‘BDM’, na Bahia, identificado como Pablo Ribeiro de Moura, conhecido como ‘Amarelo’, para uma unidade penal federal de segurança máxima. As investigações da PF apontaram que ‘Amarelo’ foi quem ordenou que homens armados tomassem as localidades do Lavrador e do Penacho, no bairro da Valéria, que pertencia ao BDM e foi invadido pela facção rival chamada ‘Katiara’.
Ele está preso desde o dia 13 de julho de 2022 e determinou a invasão de dentro da prisão. A ação aconteceu no mesmo dia da operação de forças de segurança estaduais e federais no local. O caso terminou com a morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos, e de outros quatro homens suspeito de integrar a facção.
A determinação de ‘Amarelo’ foi dada através de uma vídeo-chamada, para 100 integrantes do grupo que estavam reunidos dentro de um matagal que liga Valeria ao bairro da Palestina, na manhã do dia 14 de setembro, um dia antes do confronto.
Nesse momento, ‘Amarelo’ também teria dito que eles receberiam um reforço de mais 50 criminosos com atuações em outros bairros. Ele também ordenou que um homem, identificado como Ueslei Marcos do Nascimento Argolo, conhecido como ‘Bambi’, pegasse armamentos e dividisse para o grupo.
‘Bambi’ foi preso em flagrante por tráfico de drogas na Ilha de Vera Cruz. Ainda segundo as investigações, o grupo tinha mais de 100 fuzis, mas que nem todos eram originais.
Alguns dos armamentos eram de fabricação caseira. Cada homem saiu com um fuzil e uma pistola. O grupo também tinha muitas munições, a maioria para fuzis. A investigação ainda aponta uma organização no crime. Havia controle de nomes de todos os envolvidos na ação.
O grupo foi para a região de Valéria por volta das 14h do dia anterior do confronto, que aconteceu nas primeiras horas do dia 15 de setembro. Os 100 homens foram juntos até a estrada do Derba, depois se dividiram em dois grupos. A ideia era cercar o bairro.
Um dos grupos foi comandado por um homem apelidado de “Faísca”. O outro, que seria responsável por atirar no policial federal foi liderado por um adolescente de 17 anos.
O plano era: o grupo comandado pelo adolescente entraria no local para fazer os rivais correrem para o mato, onde o bonde de “Faísca” esperaria para pegar os rivais. No entanto, ao chegarem no local, encontraram os policiais e iniciaram o confronto.
Quem é Amarelo
Pablo Ribeiro de Moura, conhecido como ‘Amarelo, é o principal líder do tráfico de drogas no bairro da Palestina, com extensa ficha criminal; ele é integrante da organização criminosa ‘BDM’ e membro de uma parceria formada, que tem por objetivo eliminar a Katiara do bairro de Valéria e Castelo Branco;
‘Amarelo’ conta com uma rede de apoiadores e colaboradores que o auxiliam na expansão do tráfico de drogas no bairro da Palestina; Na investigação, a PF descobriu que o suspeito é um dos responsáveis por fornecer integrantes de facção, material bélico e organizar os ataques nos bairros de Castelo Branco, Valéria, Pernambués e Sussuarana Velha;
Era o 10 de espadas do ‘Baralho do Crime’, um catálogo da SSP-BA, que reúne informações dos foragidos mais perigosos da Bahia, como nome, apelido, área de atuação, além da foto.
Dois homens morreram, na manhã desta quarta-feira (29), durante uma operação realizada por policiais federais, militares e civis contra membros da facção criminosa “Bonde do Maluco”, que participaram diretamente do homicídio do agente federal, Lucas Caribé Monteiro de Almeida, de 42 anos.
A operação acontece em Salvador e região metropolitana. O grupo também é suspeito de praticar diversos crimes na Bahia. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, um dos homens foi identificado como Pablio Henrique Barbosa Almeida, de 25 anos, conhecido como “Emílio Gaviria”, apelido dado em referência ao traficante colombiano Pablo Escobar.
O outro homem morto foi baleado em um confronto no bairro de Paripe, no subúrbio de Salvador. A identidade dele não foi revelada. Segundo a Polícia Federal, a “Operação Temporal” tem o objetivo de cumprir 12 mandados de busca e apreensão e oito de prisão.
Equipes das Polícias Civil (DHPP e CORE), Militar (BOPE, CHOQUE, BPatamo, Cipe Polo Industrial e Rondesp Atlântico) e Federal (COT, CAOP E GPI), além da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/BA) participam da operação desde as primeiras horas do dia.
A Polícia Federal informou que os investigados responderão pelos crimes de homicídio qualificado e organização criminosa. As penas somadas podem chegar a 38 anos de reclusão.
A PF informou que continuará a apuração na tentativa de identificar e localizar todos os suspeitos que participaram direta ou indiretamente da morte do policial federal. A instituição afirmou que qualquer informação que possa ajudar pode ser passada através do número: (71) 3319-6000.
A ação policial foi denominada de “Operação Temporal” porque o bairro de Valéria teve a origem a partir do desmatamento de três fazendas existentes na área onde hoje está localizado o local. As fazendas eram pertencentes as famílias tradicionais: Schindller, Temporal e Omaque, dando origem a loteamentos e invasões. O primeiro loteamento oficial do bairro foi o do Temporal.
Veja abaixo a cronologia das mortes em confrontos:
Os dois primeiros suspeitos foram mortos durante o confronto em que o policial Lucas Caribé foi baleado, no dia 15 de setembro;
No mesmo dia, outros dois homens apontados como suspeitos morreram após troca de tiros com policiais, entre os bairros de Valéria e Rio Sena;
A morte do quinto suspeito aconteceu no bairro de Mirantes de Periperi, no dia seguinte à operação;
No dia 17 de setembro, quatro suspeitos morreram em confrontos com as forças de segurança. As trocas de tiros aconteceram em Periperi e na Palestina;
No dia 21, cinco homens também apontados como suspeitos de participar do confronto morreram após uma troca de tiros, na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador;
No dia 27, um suspeito foi morto em confronto com policiais em Cruz das Almas, cidade do recôncavo baiano. Na oportunidade, um outro homem também não resistiu aos ferimentos, mas ele não foi apontado como integrante do grupo;
No dia 2 de outubro, o último suspeito de envolvimento na morte do policial federal foi morto durante confronto com a polícia na cidade de Catu, a 70 km da capital baiana. As informações são do g1.