Em 5 de dezembro de 2013 morria, aos 95 anos, Nelson Mandela, o líder sul-africano que se converteu no maior ícone da luta antirracista da História. Mandela foi a figura emblemática que liderou uma mudança total na estrutura política e social de seu país, colocando fim ao vergonhoso e criminoso regime do apartheid.
Implantado oficialmente em 1948, o apartheid era um sistema que estratificava na lei a sociedade segundo a origem étnica dos cidadãos. Na prática, brancos eram cidadãos plenos, indianos e mestiços tinham alguns direitos parcos e os negros, imensa maioria da população, eram alijados de qualquer direito mínimo, como saúde, educação, moradia ou serviços públicos, sendo lançados em guetos para viverem em condições absolutamente miseráveis. Até bebedouros e assentos no transporte urbano eram reservados aos brancos, sendo os negros impedidos de usá-los.
O regime dantesco, imoral e criminoso gerou muitas tensões sociais e as lideranças negras lutavam contra ele por meio de mobilização das massas populacionais miseráveis, ao passo que a repressão do governo branco era duríssima contra esses setores. É nesse contexto que Mandela, um advogado negro, raríssima exceção num país onde negros não tinham acesso ao estudo, surge e ganha notoriedade.
Da defesa de homens negros sem direito nada sentados no banco dos réus à liderança de uma organização paramilitar de resistência, a “MK” (Umkhonto we Sizwe, traduzida da língua zulu como “Lança da Nação”) foi um pulo. Em pouco tempo, a elite branca que governava a África do Sul já se desdobrava para tentar localizá-lo e prendê-lo, o que acabou ocorrendo com o auxílio da CIA em agosto de 1962, após muito tempo na clandestinidade e recebendo instrução de guerrilha em outras nações.
Mandela ficou 27 anos preso, em três prisões diferentes, e sua situação tornou-se um símbolo de luta contra o racismo e o famigerado apartheid. Após muita pressão internacional e diante de um sistema que conduzia a África do Sul a uma guerra civil, tamanha a covardia da segregação racial que existia no país, finalmente o líder máximo da população negra foi colocado em liberdade definitivamente em 11 de fevereiro de 1990, após o então presidente Frederik Willem de Klerk ter encontros com Mandela e sinalizar a ele que o apartheid era um regime falido e que deveria acabar, inclusive determinando a soltura de outros líderes negros.
Quatro anos após ganhar a liberdade, Mandela foi então eleito presidente da África do Sul, uma verdadeira apoteose para o homem que deu sua vida pelo combate ao racismo e ao apartheid, e que agora era a autoridade máxima de seu país. Mandela ainda conduziu, de 1994 a 1999, quando esteve no poder, uma robusta e vigorosa política de reconciliação nacional para tentar trazer a convivência entre cidadãos de diferentes etnias à normalidade. As informações são do site Fórum.