Os partidos de oposição italianos pediram na segunda-feira (8) a dissolução dos partidos de extrema direita depois que um vídeo foi divulgado mostrando centenas de homens fazendo saudações fascistas durante um comício em Roma.
A manifestação foi realizada no domingo (7) em frente à antiga sede do grupo MSI — um partido neofascista que acabou se transformando no partido conservador Irmãos da Itália, que foi cofundado por Giorgia Meloni, atual primeira-ministra da Itália. O evento marcou o 46º aniversário do assassinato de três neofascistas na Via Acca Larentia, no sudeste de Roma.
Dois dos homens foram mortos a tiros por supostos militantes de extrema esquerda, enquanto o terceiro foi morto pela polícia depois que um tumulto começou logo após o tiroteio. Ninguém jamais foi condenado pelas mortes.
No vídeo, pode-se ver filas de homens fazendo saudações com os braços rígidos e gritando “presente” três vezes enquanto um deles gritava: “Por todos os companheiros mortos!” – um grito de guerra típico em eventos neofascistas. “Isso é uma vergonha inaceitável em uma democracia europeia”, disse Carlo Calenda, líder do partido centrista Action.
As cerimônias para lembrar dos assassinatos de Acca Larentia ocorrem todos os anos, mas os partidos de oposição disseram que tais demonstrações de sentimento pró-fascista eram proibidas e exigiram uma investigação.
“Parece 1924”, disse a líder do Partido Democrata, Elly Schlein, referindo-se ao ano em que o líder fascista Benito Mussolini obteve uma vitória eleitoral retumbante antes de encerrar a política multipartidária na Itália.
“O que aconteceu é inaceitável. Os grupos neofascistas devem ser dissolvidos, conforme determina a Constituição”, acrescentou.
A Constituição italiana do pós-guerra proíbe a reorganização do partido fascista dissolvido de Mussolini, mas os grupos de extrema direita contornaram o problema dando novos nomes às suas organizações e alegando serem novas entidades.
O Irmãos de Itália não fez nenhum comentário imediato sobre o comício neofascista, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, que lidera o partido mais moderado Forza Italia, disse que qualquer celebração da ditadura deve ser condenada. “Há uma lei que estabelece que não se pode fazer apologia do fascismo em nosso país”, disse ele.
Quando era jovem, Meloni elogiou Mussolini, mas desde então mudou sua posição, dizendo em 2021 que não havia “espaço” em seu partido “para a nostalgia do fascismo, racismo ou antissemitismo”.Jornal da Chapada com informações do portal CNN Brasil.