O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), é apontado como um dos proprietários do terreno onde deve ser construído um prédio de luxo, no Corredor da Vitória, bairro da capital baiana. A construção é criticada por moradores locais e também de por entidades públicas.
Na reportagem da Veja é destacado que a flexibilização crescente do uso do solo pôs Neto na mira. A revista detalha que vereadores de oposição dizem que a Câmara e a prefeitura agem para atender aos interesses do ex-prefeito (2013 a 2020) e padrinho do prefeito Bruno Reis.
Ainda segundo a publicação, esse é o quarto lote de desafetações desde 2014, num total de 113 áreas públicas. Em dezembro, Reis afirmou que a prefeitura arrecadou 9 milhões de reais com a venda de quatorze terrenos. Sobre o último lote, diz que os espaços classificados como áreas verdes “não têm mais vegetação nenhuma”. “Não significa que serão vendidos”, disse.
O BNEWS já tinha adiantado e a revista reforçou que a Novonor (ex-Odebrecht) adquiriu um prédio de dois andares ao lado do imóvel desafetado e planeja construir lá um edifício em parceria com um grupo de empresários de curiosa formação do ponto de vista político, que reúne o ex-prefeito ACM Neto, o marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela campanha de Lula em 2022, e João Gualberto, ex-prefeito de Mata de São João, entre outros.
O projeto prevê 24 pavimentos, mas os responsáveis querem adquirir o terreno desafetado para aumentar o potencial construtivo para 36 andares. Essa possibilidade acendeu o alerta de entidades de meio ambiente e urbanismo. “Ali existe uma superposição de legislação que visa a sua preservação”, diz Daniel Colina, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil na Bahia (IAB-BA) à revista.
A promotora de Justiça de meio ambiente, habitação e urbanismo, Hortênsia Pinho, avaliou que o poder público vem abrindo mão do controle do desenvolvimento da cidade para atender interesses privados. “Com isso, fere o chamado direito à cidade, que passa pelo conceito de que ela é um bem coletivo, e a torna mais elitista, segregadora e antissocial”, diz.
Câmara pode barrar construção
O projeto que autoriza a construção dos espigões deve ser barrado na Câmara Municipal de Salvador (CMS) por causa de outra proposta de autoria do presidente da Casa, Carlos Muniz.
Segundo o projeto, estabelece a desapropriação de três imóveis que ficam na Rua do Barro Vermelho. A ideia da proposta é que seja implantado um estacionamento público, com uma área equivalente a 2.122,47 m².
Para o chefe do Legislativo Municipal, o estacionamento permitiria acesso da população à Praia do Buracão, além disso, uma praça pública em frente ao mar seria implantada. As informações são do site Bnews.