O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, concedeu uma entrevista coletiva a uma bancada de jornalistas de diferentes veículos da imprensa independente no ‘Barão Entrevista’, atração do canal do YouTube do Centro de Estudos da Mídia Independente Barão de Itararé, no fim da tarde desta terça-feira (5), e falou sobre as condições que encontrou no órgão público após a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao assumir, em agosto do ano passado, o economista já havia dito que “a recuperação do IBGE era urgente e inadiável após o vendaval tóxico e destrutivo dos anos recentes”, numa clara referência ao governo negacionista, anticiência e de contornos medievais do líder ultrarreacionário que saiu derrotado para Lula em sua tentativa de reeleição.
“É óbvio que nós sabemos que as mais diversas instituições foram fortemente afetadas pelo que aconteceu nos últimos anos, e não apenas em decorrência da escassez de recursos, não pela ausência de recursos, pelo estrangulamento orçamentário, mas pelos reflexos que isso gerou… Eu confesso que quase chorei quando fui visitar uma das instalações do IBGE e encontrei, por exemplo, livros de 1835 jogados no chão… Uma biblioteca que é riquíssima, de uma produção nacional e estrangeira praticamente às traças… Equipamentos e, por exemplo, fotografias do levantamento que foi feito em 1967 pela Força Aérea dos EUA, que mapeou o país, fitas destruídas, jogadas, praticamente sem conservação… Isso é uma penalização à memória do país… Pessoas desestimuladas, que não veem uma coesão capaz de permitir que o país possa ter uma instituição à altura do IBGE”, respondeu Pochmann à questão formulada pela reportagem da Fórum no ‘Barão Entrevista’.
Embora tenha sido mais comedido nos comentários se comparado às falas proferidas no momento de sua posse na presidência do IBGE, o economista reafirmou o que havia dito sobre a devastação encontrada por lá.
“Esse movimento tóxico foi levando a uma fragmentação institucional, a uma busca de individualidades que perdeu o sentido institucional… É uma declaração forte, e eu concordo, mas foi justamente pelo que nós encontramos numa instituição grandiosa, e que foi tão bem pensada e planejada, por aqueles que vieram antes de nós, a começar pelo próprio Getúlio Vargas, que tinha uma visão de Brasil que agora o presidente Lula, de certa forma, quer fazer com que o IBGE passe a ter a consagração que teve com recursos e infraestrutura adequada”, acrescentou o acadêmico.
Sobre os planos para trazer o instituto é fundamental para o Brasil “de volta à vida”, Pochmann falou sobre a criação de um museu digital no Rio e sobre como trabalhar pela reconstrução, mesmo com recursos financeiros escassos.
“Nós estamos reconstruindo a instituição, estamos construindo um museu digital com a história dos censos demográficos, fizemos uma excelente parceria com o Ministério de Gestão e Inovação para que possamos ter no piso de ingresso do prédio no Palácio da Fazenda, aquele prédio magnífico da Fazenda que era a sede do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro, estamos recebendo um excelente apoio da ministra [Simone] Tebet, que tem sempre se mostrado favorável a nos ajudar, dentro dos limites que infelizmente nós temos, mas eu penso que é essa combinação de forças que nos permite avançar, para que fique para atrás, apenas na memória, o que vimos no ano passado”, concluiu o presidente do IBGE. As informações são do site Fórum.