Uma ação da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher de Camaçari (Deam), com apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, resultou no resgate de uma mulher de 40 anos que estava sendo mantida em cárcere privado pelo companheiro há três meses. A vitima vivia trancada e só saía na companhia do suspeito. O caso ocorreu no bairro Santo Antônio.
Nesta sexta-feira (10), a titular da Deam no município, Maria Tereza Santos, explicou detalhes da operação, que ocorreu na quinta-feira (9). “Eu pessoalmente fui até o local com a minha equipe. Lá já se encontrava a Polícia Militar, que também foi acionada, e encontramos e foi confirmado que esta mulher estava sendo vítima de cárcere privado.
Pedimos apoio ao Corpo de Bombeiros para abrir o portão da casa, já que estava trancado também por dentro. Por fora ele colocou um cadeado também”, informa a delegada ao Destaque1.
De acordo com a titular da Deam, a mulher ja tem um filho com o suspeito. Eles passaram um tempo separados e haviam reatado o relacionamento há cerca de quatro meses.
Nesse tempo, a vítima engravidou. Atualmente ela vive uma gestação de aproximadamente 12 semanas. Os abusos praticados pelo homem, de 64 anos, foram motivados por ciúmes. A delegada ressalta que a vítima não tinha privacidade nem para ir ao banheiro.
Em virtude do caso, a delegada chama atenção para uma prática recorrente em denúncias de violência doméstica, sobretudo quando não existe a conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher, a agressão fisica propriamente dita. Durante depoimento, a vítima relatou que o homem não batia nela, os abusos se enquadram nos aspectos morais e psicológicos.
“Ainda que ela tenha afirmado que ele não era violento, isso é uma violência. Muitas vezes a mulher não percebe que ela está sendo altamente violentada, a violência não se caracteriza só pela agressão física”, pontua.
Por fim, a delegada enfatiza que o suspeito está detido e que a vítima segue sob medida protetiva. A mulher não é natural de Camaçari e pretende sair da cidade.
Feminicídio
Na oportunidade, a delegada falou sobre o cenário de violência contra a mulher na cidade, dando foco aos registros de feminicídio. De acordo com Maria Tereza, após o período que a Deam assumiu as investigações desse tipo de crime, não foi registrado nenhum caso no município, apenas uma dupla tentativa no mês passado.
“Feminicídio, que agora, com a mudança da lei, a Deam vai passar a investigar, porque antes era com o DHPP Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa], eu ainda não recebi. Já fiz [inquérito de] um duplo homicídio tentado, que foi do homem que empurrou a mulher do lado de fora do carro e que está preso, aqui em Camaçari, na sede. Ele estava foragido, mas se apresentou. Ele está preso há mais ou menos 20 dias. Agora, feminicídio mesmo, graças a Deus, ainda não investiguei, mesmo já tendo a prática, porque fui há 12 anos delegada da homicídios”, finaliza. O caso citado pela delegada ocorreu em fevereiro deste ano.
Antes de estar à frente da Deam em Camaçari, Maria Tereza atuava na 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (4ª DHPP). As informações são do site Destaque1.