A condição degradante da estrada BA-144, principal via de acesso à comunidade quilombola de Botafogo, no município de Bonito, tem causado transtornos constantes a motoristas e moradores da região, que enfrentam dificuldades extremas para se deslocar. Isolada a 25 km do centro do município, a comunidade sofre com a má conservação da via, que dificulta severamente o acesso a serviços básicos como saúde, educação e comércio.
Millena, moradora da comunidade, denuncia o descaso e a negligência histórica com a estrada que liga Bonito a Tanquinho de Lençóis. “Estamos vivendo um descaso tamanho de racismo ambiental que se pendura por décadas na estrada BA-144. Pedimos socorro, nossa comunidade está isolada, correndo riscos todos os dias para ter acesso ao que é básico”, desabafa.
Apesar de constar como asfaltada no mapa, a realidade da BA-144 é bem diferente, pois falta até mesmo o cascalhamento, e as intervenções realizadas pelo poder público se restringem a ações pontuais e superficiais. “Ficamos sempre à mercê dos políticos passarem a máquina uma ou duas vezes em quatro anos de gestão. É só maquiagem para enganar o povo”, completa Millena.
A precariedade da estrada afeta diretamente a vida escolar das crianças e adolescentes da comunidade. Já houve situações em que as aulas foram suspensas porque o transporte escolar não conseguia trafegar, expondo os estudantes a riscos diários de acidentes, além de prejudicar o acesso à educação, um direito constitucionalmente garantido.
O acesso à saúde também é um desafio constante relatado pela população local. Para chegar ao hospital, localizado na sede de Bonito, os moradores enfrentam uma viagem que pode levar mais de uma hora e vinte minutos, dependendo das condições do tempo e da estrada. Em casos de emergência, esse deslocamento se torna ainda mais arriscado, podendo resultar em tragédias que poderiam ser evitadas com políticas públicas adequadas.
Além das dificuldades físicas provocadas pela infraestrutura insegura, a comunidade denuncia a prática histórica do chamado ‘voto de cabresto’. Segundo Millena, a dependência de favores políticos e o medo de retaliações silenciam parte da população, que teme perder os poucos benefícios ou salários que dividem com outros funcionários da prefeitura.
A comunidade quilombola de Botafogo exige um posicionamento urgente do poder público para que o racismo ambiental, que nega direitos fundamentais aos povos quilombolas, seja combatido com ações efetivas de infraestrutura, respeito e dignidade.
Jornal da Chapada











































