A nova geração de brasileiros enfrenta uma série de entraves que dificultam a construção de patrimônio. Embora a maioria acredite que a educação seria a chave para ascender socialmente, dados recentes mostram que o mercado de trabalho hoje não está entregando os retornos esperados.
Um primeiro diagnóstico é a elevada taxa de jovens que nem estudam nem trabalham. Em 2023, 19,8% das pessoas de 15 a 29 anos — cerca de 9,6 milhões — estavam nessa situação. Essa parcela é ainda maior, chegando a quase 24%, entre jovens de 18 a 24 anos.
Para os que conseguem entrar no mercado, o cenário também é preocupante. A taxa de desemprego no grupo entre 18 e 29 anos segue em dois dígitos, com forte presença na informalidade. Cerca de 38,5% trabalham sem carteira assinada e 5,4% estão subocupados, ou seja, gostariam de realizar mais horas de trabalho.
Outro problema estrutural é a queda no retorno da educação. Trabalhadores com 16 anos ou mais de estudo, ou seja, com ensino superior completo, viram o prêmio de renda por escolaridade cair de 641% em 2012 para 353% em 2023. Para quem cursou entre 12 e 15 anos (ensino médio completo ou incompleto), a queda foi de 193% para 102% no mesmo período.
Como resultado, mesmo jovens mais escolarizados estão sendo empurrados para empregos de qualidade inferior, informais e de baixa remuneração. Esse movimento é descrito por especialistas como uma armadilha que dificulta a ascensão econômica da juventude brasileira.
Esses obstáculos também afetam o sonho da casa própria. Uma pesquisa da Ipsos realizada em 2025 aponta que 62% dos jovens relatam maior dificuldade em comprar imóvel do que gerações anteriores, diante de juros altos e inflação imobiliária, que teve alta de 7,7% em 2024.
A falta de educação financeira, tanto no sistema escolar quanto no ambiente familiar, também mina a construção de patrimônio. No Brasil, mais da metade dos alunos avaliados pelo PISA 2015 apresentaram desempenho abaixo do nível mínimo em letramento financeiro, o que revela uma deficiência generalizada em conhecimentos básicos sobre orçamento, poupança e investimentos.
Portanto, o panorama para os mais jovens reflete barreiras que vão além da economia. Educação deficiente, mercado saturado de empregos precários, informalidade e instabilidade macroeconômica contribuem para adiar ou até impedir a formação de um patrimônio. Sem políticas públicas eficazes de qualificação profissional, acesso ao crédito e educação financeira, construir estabilidade continua sendo um desafio distante para a nova geração.
Jornal da Chapada














































