Homero Vieira dos Santos, conhecido como ‘velho urso’ e presidente do Conselho de Brigadas Voluntárias da Chapada Diamantina, propôs a substituição do termo ‘combate’ por ‘controle’ no contexto de incêndios florestais. Com 47 anos de experiência prática e técnica, ele defende a atualização da linguagem utilizada em manuais, relatórios e operações relacionadas ao manejo do fogo.
O especialista explica que o uso do termo ‘combate’ ainda remete a uma lógica de guerra, centrada em ações reativas e de confronto direto. “Essa abordagem ignora o papel ecológico do fogo, reforça práticas arriscadas e pode distorcer a percepção social e institucional sobre o fenômeno natural ou cultural que ele representa”, afirma Homero.
A proposta de mudança enfatiza a importância do controle de incêndios como estratégia mais segura e eficiente. Entre as práticas recomendadas estão a prevenção ativa, a fragmentação de materiais combustíveis, o planejamento de queimas prescritas e linhas de contenção, além da valorização do conhecimento tradicional e comunitário.
Homero ressalta que a proposta está alinhada a diretrizes nacionais e internacionais de manejo integrado do fogo (MIF), adotadas pelo ICMBio, IBAMA/Prevfogo e por organizações como FAO e TNC. Experiências consolidadas em países como Estados Unidos, Austrália e África do Sul demonstram a eficácia dessa abordagem em diferentes ecossistemas.
Para a implementação, o especialista sugere que instituições públicas, privadas, acadêmicas e comunitárias atualizem currículos de formação, normas técnicas, editais e legislações ambientais, incorporando o termo ‘controle’ e reforçando a ênfase no manejo preventivo e estratégico do fogo. Mudanças já em curso, como a substituição de ‘rescaldo’ por ‘fase de extinção’, reforçam a necessidade de uma linguagem mais precisa e técnica.
Os incêndios florestais exigem uma abordagem cada vez mais técnica, considerando não apenas a reação ao fogo, mas também o planejamento, a prevenção e o manejo estratégico dos ecossistemas afetados. Nesse contexto, os brigadistas desempenham um papel fundamental, atuando na linha de frente para controlar focos de incêndio e proteger vidas e patrimônio ambiental.
Homero conclui com um chamado à ação: “Convido todas as instituições a refletirem sobre essa mudança e, se possível, adotarem formalmente este manifesto, apoiando a evolução técnica, cultural e ecológica do manejo do fogo no Brasil”.
Jornal da Chapada














































