Atenuar rugas, aumentar o volume dos lábios, melhorar contornos superficiais, suavizar a aparência de cicatrizes e eliminar o indesejável bigode chinês” (marca de expressão que começa perto das narinas e vai até o canto da boca) são desejos frequentes, provocados por pequenas insatisfações com a aparência, que podem causar grandes dores de cabeça, quando não se escolhe a técnica adequada e o profissional devidamente habilitado.
A cada dia, surgem no mercado novos materiais e métodos inovadores, que prometem resultados estéticos perfeitos, de forma simples e sem a necessidade de incisões cirúrgicas. Não existe substância milagrosa e a literatura médica já tem ao longo de sua história várias substâncias que foram largamente utilizadas sem estudos científicos suficientes que comprovassem sua segurança, a exemplo do colágeno bovino e do silicone liquido medicinal. Atualmente, ambas foram abolidas por terem causado danos irreversíveis e graves deformidades nos pacientes, explica o cirurgião plástico Tiago Amoedo, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Conhecida como “plástica sem cortes””ou biomodulação, a técnica de bioplastia, largamente difundida pela mídia, promete resultados rápidos para esses problemas estéticos através da injeção de uma substância na pele ou no músculo. O grande problema é que o preenchimento é realizado com o polimetilmetacrilato (PMMA), substância sintética biocompatível (aceita pelo corpo), mas que não é absorvida pelo organismo. O PMMA, em alguns casos, pode migrar para outro local do corpo causando inflamação, reação alérgica e até necrose dos tecidos com danos que podem ser irreversíveis. Há registro de vários casos de pacientes que se submeteram ao procedimento e tiveram complicações sérias, como necroses do tecidos, nódulos palpáveis e úlceras que nunca cicatrizam.
“Além do registro de sérias complicações tardias em pacientes submetidos a esse procedimento, não há estudos científicos a longo prazo que demonstrem a segurança do método no âmbito da cirurgia plástica estética. A bioplastia é uma técnica que apresenta riscos consideráveis. A substância usada não é absorvida pelo organismo e é definitiva”,”esclarece o médico Tiago Amoedo. “A substância, derivada do petróleo, é um polímero plástico de grande peso molecular que o organismo não consegue absorver, podendo apresentar complicações tardias devastadoras, como necrose, retrações e cicatrizes irreversíveis,”acrescenta o especialista.
Não há estudos com relevância estatística significativa sobre o comportamento a longo prazo deste produto, se usado no corpo humano para preenchimentos estéticos. O Conselho Federal de Medicina recomenda aos médicos cautela com esse tipo de procedimento, no sentido de proteger o paciente, que frequentemente é influenciado pela divulgação excessiva e fantasiosa dos seus benefícios.
Para o preenchimento facial, o ácido hialurônico ainda é a substância mais usada e segura. É indicado para preencher rugas e sulcos, como os nasogenianos (bigode chinês) e as olheiras, e para dar volume em áreas como os lábios e maçãs do rosto. O ácido hialurônico está presente no organismo humano, é uma substância líquido-viscosa altamente solúvel, que mantém a elasticidade, volume, sustentação e hidratação da pele. Para regiões do corpo maiores, como a glútea, pode ser usado o implante de silicone ou a própria gordura do paciente.
A escolha de um cirurgião qualificado e que tenha o título de especialista em cirurgia plástica da SBCP é o primeiro passo para garantir um bom resultado. A cirurgia plástica avançou muito nos últimos anos e se tornou menos invasiva e mais segura, mas a medicina não é uma ciência exata e qualquer procedimento cirúrgico tem riscos, esclarece o cirurgião Tiago Amoedo, reforçando a importância da qualificação profissional adequada para a realização de qualquer procedimento cirúrgico. De acordo com estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, grande parte dos erros médicos atribuídos a cirurgias plásticas é proveniente de procedimentos realizados por médicos sem especialização. Um especialista em cirurgia plástica se prepara durante onze anos, entre faculdade, residência médica e especialização.