A defesa do ministro dos Transportes, César Borges (PR), pela continuidade do PT no poder baiano, com a candidatura do secretário da Casa Civil, Rui Costa, ao Palácio de Ondina, nas eleições de outubro foi ironizada pelo seu antigo aliado, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, presidente do PMDB no estado e pré-candidato ao governo. O líder peemedebista interpretou como contraditória, a declaração favorável de Borges à continuidade do projeto petista na Bahia. Em entrevista à Tribuna, a liderança republicana disse que “quatro anos é pouco para fazer mudança e oito anos mais ou menos”.
“Se a continuidade é tão importante, em si mesmo, porque você não apoiou a continuidade de JW (Jaques Wagner) em 2010? Não foi porque era incompetente como me dizia?”, questionou Geddel em sua página numa rede social. Borges foi candidato ao Senado na chapa do peemedebista há quatro anos, quando saiu derrotado. Nas eleições de 2012 selou uma aliança com o PT em prol da candidatura de Nelson Pelegrino à prefeitura de Salvador e ano passado tornou-se auxiliar da equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff (PT). O deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB) destacou a “mudança de postura” do republicano. “Esse discurso não vai enganar a população. Suponho que há quatro anos ele discordava dos projetos que estavam sendo feitos”, afirmou.
Lideranças democratas, que foram aliadas a Borges em sua passagem no governo do estado, também criticaram a preferência pelo petista no pleito e fizeram questão de ressaltar a gestão do ex-governador Paulo Souto (DEM). Em defesa do projeto oposicionista que busca a unidade para as eleições, o presidente municipal do DEM, Heraldo Rocha, aproveita para condenar a administração petista ao divergir do ministro. Segundo ele, há uma crise geral, com o não pagamento dos fornecedores e dos prestadores de serviços temporários.
“Vamos encontrar um estado pior do que encontramos a prefeitura de Salvador”, previu. O ex-deputado disse que respeitava “o amigo pessoal”, mas discordava de suas observações. “Paulo Souto não acabou o Bahia Azul e a condição de hoje é muito diferente do passado. Souto era muito bem avaliado e ele o apoiou integralmente. Hoje a Bahia está numa situação pré-falimentar na área de saúde e de segurança pública”, acrescentou.
O líder do DEM na Assembleia Legislativa, Carlos Gaban, destacou que a continuidade de um governo só serve quando esse está dando certo. “Do ponto de vista pedagógico, o que está dando certo tem que continuar, mas não esse governo que para mim oito anos já foi demais. Nós governamos a Bahia durante muito tempo porque tínhamos Antonio Carlos Magalhães, que tinha pulso e comando, mas desse jeito que estamos agora? Em oito anos só fizeram aumentar o custeio da máquina. Não queremos um governo que só diz que é amigo da presidente, mas que a maioria dos investimentos vai para Pernambuco”, disparou. A repercussão positiva das declarações do ministro surgiu na voz da deputada estadual e presidente da Comissão Especial da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), da Assembleia, Ivana Bastos (PSD).
“Na realidade a obra da Fiol só começou a andar de verdade, após o ministro César Borges assumir os trabalhos da pasta. Eu estive em Brasília e pude ouvir esse depoimento do ministro relator do Tribunal de Contas da União (TCU), de que o ministro tem feito reuniões constantemente, acompanhando os processos com técnicos e com o Ibama. O ministro tem sido um grande tocador de obras”, elogiou a pessedista. Extraído da Tribuna da Bahia.