A fita “12 Anos de Escravidão” não é apenas mais um produto meramente comercial e não precisava das três estatuetas do Oscar (melhor filme, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado) para se consagrar no cinema internacional. Baseado em uma biografia e com produção da Plan B (empresa de Brad Pitt, que também fez uma ponta no filme) o longa estadunidense-britânico toca em um assunto ainda forte, que impressiona por mostrar como o preconceito racial de hoje está permeado de comportamentos que remetem a essa época. Tanto é verdade que esta é a primeira vez que um diretor negro ganha o prêmio de melhor filme.
Confira o trailer
O negro liberto Solomon Northup (vivido por Chiwetel Ejiofor) vive na Nova York do século XIX, com uma família constituída e um lar. Exímio violinista, Solomon acaba encantado com uma proposta de emprego no ramo de entretenimento circense, mas acaba sendo sequestrado e levado à Louisiana (estado localizado no sul dos Estados Unidos, onde a escravidão e a segregação racial foram muito fortes) para fazer trabalho escravo nas fazendas e plantações.
Há muitos questionamentos sobre as atitudes dos negros frente às humilhações e castigos impostos pelos brancos. O próprio protagonista acostumado com o exercício de seus deveres e direitos acaba, por fim, cedendo e aceitando os fatos injustos pelos quais atravessa. Isso ocorre sempre com a perspectiva de conseguir se tornar livre mais uma vez.
Os 12 anos como escravo de Northup servem, nesse caso do filme, para nos lembrar que as consequências de erros cometidos por uma geração pode reverberar durante muito tempo na história. Para o diretor do filme, o britânico McQueen, o fato de “12 Anos de Escravidão” ter ganhado o prêmio mais importante é um sinal de desenvolvimento. “É marcante olhar agora para aquele período especial da história e colocar em primeiro plano personagens que sempre ficaram à margem. Acredito que o público de hoje está preparado para esse tipo de narrativa que, apesar de dolorosa, vem sendo encarada de frente.”, afirmou o cineasta em entrevista coletiva após a cerimônia do Oscar.
Adalício Neto
Jornal da Chapada