O serviço de castração móvel para animais de rua, o Castramóvel, começa a funcionar nesta segunda-feira (24), no bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador. Implantado pela Prefeitura, o ônibus é adaptado para fazer cirurgias de esterilização de cães e gatos, com o objetivo de fazer o controle populacional desses animais e, consequentemente, combater o abandono, os maus-tratos e as zoonoses.
Nos últimos dois meses, os moradores do bairro se cadastraram no posto de saúde local para castrar seus animais. Nesta segunda e terça-feira, será feito um trabalho de triagem, com avaliação clínica e pesagem. Os animais que estiverem em condições adequadas de saúde serão esterilizados na quarta e quinta-feira. Na sexta, a mesma equipe de veterinários continua fazendo as castrações no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), localizado no bairro do Trobogy.
De acordo com o médico veterinário Augusto Angelim, coordenador da equipe técnica do Castramóvel, cerca de 200 animais já foram cadastrados no bairro para o início de operação do equipamento. A expectativa é realizar de 20 a 30 cirurgias de esterilização de cães e gatos por dia. Um trailer acompanha o ônibus e serve como abrigo para que os animais recém-operados se recuperem dos efeitos da anestesia.
Autora do projeto (PIN-001/13) que indicou à Prefeitura a implantação do Castramóvel, a vereadora Ana Rita Tavares (PROS) comemora o início de operação do equipamento. Ela diz que Salvador dá o primeiro passo para combater a reprodução descontrolada dos animais de rua. “Temos uma estimativa de 150 a 200 mil animais sofrendo os diversos tipos de violência nas ruas. O Castramóvel é um sonho antigo de quem faz a causa animal na Bahia”.
A vereadora diz que outro Castramóvel já está em licitação, pois apenas um equipamento não será suficiente. “Foi uma luta muito grande para concretizar o primeiro ônibus. Ele estava abandonado na garagem da Prefeitura até que indiquei a reforma. Mas precisamos de outro para ter um efeito considerável no controle populacional. Castrar é um ato de amor e proteção, pois tem efeito direto no combate ao abandono, à violência e na prevenção de doenças”.
Morador do Nordeste de Amaralina, o cozinheiro Cláudio da Silva, 32 anos, se diz satisfeito pelo fato de seu bairro ter sido o primeiro a receber o Castramóvel. Ele diz que na localidade não faltam animais à toa e filhotes abandonados na rua. “Ontem, vi três deles passando frio e fome. Também vejo muita gente daqui espancando esses cachorros. Cuido muito bem dos meus, dou alimento e vacino direitinho”, diz Cláudio.
Para a secretária Aline Barros, 28 anos, o Castramóvel é de extrema urgência no bairro, pois o contingente de animais abandonados cresce a cada dia. “São muitas cadelas no cio com sete ou oito machos correndo atrás. Já vi pessoas jogando filhotes no lixo. Os gatos, por exemplo, mesmo não sendo de rua, saem das casas e vão procriar. Creio que em um ano de atividade vamos conseguir amenizar isso e evitar que muitos filhotes sejam abandonados”, aposta.
O Castramóvel deve permanecer no Nordeste de Amaralina por cerca de trinta dias. Depois, segue para outro bairro a ser escolhido e divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. Os critérios de escolha envolvem a estrutura mínima de água e energia do distrito sanitário e o histórico de muitos animais abandonados e se reproduzindo nas ruas.
Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde tem capacidade para realizar 770 castrações mensais de cães e gatos, sendo 290 numa clínica conveniada e 480 no Centro de Controle de Zoonoses. Há cinco anos, esse número não ultrapassava 250 castrações mensais. “Solicitei que esse número fosse aumentado para mais de 700 em meados de 2013 e esperamos chegar a mais de mil esterilizações neste ano”, afirma a vereadora Ana Rita.