O prefeito de Salvador, ACM Neto, sinalizou ontem que chega a exaustão as conversas lideradas por ele com os dois pré-candidatos pela oposição nas eleições estaduais, Geddel Vieira Lima (PMDB) e Paulo Souto (DEM). Os postulantes intensificaram o diálogo nos últimos dias e devem voltar a se encontrar neste sábado com o objetivo de concluírem a composição. O impasse para a escolha da cabeça da chapa gera consequente obstáculo para a vaga ao Senado, o que tem consumido as conversações dentro do grupo. Neto citou ontem para a imprensa que teve uma reunião com o peemedebista e o democrata na última quinta-feira à noite e que o anúncio deve sair na próxima semana, entre quarta e sexta-feira.
Conforme teria indicado o prefeito, após serem pontuadas todas as questões, o desembaraço estaria em poder dos pré-candidatos, que devem buscar o entendimento e trabalharem para viabilizar a própria chapa, trazendo alguma novidade. “Passamos das 21h e conversamos sobre diversos temas. O anúncio deve sair entre quarta e sexta, mas não podemos dizer agora que dia. Só na semana que vem”, disse em entrevista a imprensa, durante a entrega da nova pintura do Elevador Lacerda e Mercado Modeloontem. Neto descartou que a definição seja assunto a ser revelado hoje, durante as atividades oficiais, em comemoração ao aniversário de 465 anos da capital baiana. Em contraponto com as recentes pesquisas mencionadas pelo governador Jaques Wagner (PT), o prefeito disse que há um levantamento interno que mostra Geddel e Souto na liderança.
Democrata manda recado
Nos bastidores, a demora do grupo da oposição em decidir mostra a possibilidade de duas candidaturas serem lançadas. O ex-ministro e presidente estadual do PMDB, Geddel estaria perseguindo o desejo mostrado primeiro por ele, desde o ano passado e elencaria a perspectiva de maior crescimento na reta final da campanha, enquanto o ex-governador, que despertou o interesse, em seguida estaria recebendo o empurrão nacional do seu partido e das pesquisas de largada para não desistir. Considera-se que ambos têm potencial de alavancar a candidatura e concorrer com chances de vencer o pré-candidato governista, Rui Costa (PT).
Embora o sinal seja de não entendimento, a divisão é descartada pelos aliados. “Nas reuniões nunca foi aventada essa hipótese, até porque existe um compromisso desde o início de que vamos caminhar juntos. Foi dito que aqueles candidatos que tivessem melhor pontuados sairiam para o governo e o Senado. Se alguém quiser pensar diferente mostrará que não tem programa para o governo, mas estará partindo para um projeto pessoal. Quem age com o coração perde a razão”, mandou recado o vice-líder do DEM na Assembleia Legislativa, Carlos Gaban, enfatizando que os critérios são “objetivos e pragmáticos”.
Segundo o deputado, é preciso agarrar a oportunidade. “Os dois estão querendo e isso é bom. Eles sabem que acabou o encanto da população com o PT e que o governo vai mal com o funcionalismo público, não pagou a URV,”, disse ainda citando que a presidente Dilma Rousseff (PT) vem caindo nas pesquisas. A perspectiva em relação a Copa do Mundo também foi citada pelo parlamentar. No PMDB, o clima é de cautela e silêncio. Lideranças sinalizam confiança, mas aguardam o posicionamento do prefeito favorável a Geddel, unificando a chapa oposicionista na decisão eleitoral, que irá ocorrer em 05 de outubro. Nos bastidores, eles buscam costurar apoios. Extraído da Tribuna da Bahia.