O Ministério da Saúde estima que 30% das crianças em idade escolar sejam portadoras de algum tipo de deficiência visual. Os problemas oftalmológicos destacam-se, inclusive, como a 3ª causa mais frequente de problemas de saúde durante esta fase, afetando diretamente o desempenho dos alunos. “Muitas pessoas não sabem, mas a deficiência visual na infância pode prejudicar o aprendizado e, consequentemente, resultar em um baixo rendimento escolar, o que interfere diretamente no desenvolvimento da criança”, informa o oftalmologista, Vespasiano Santos, responsável pelo Serviço de Oftalmologia do Centro Médico do Hospital Espanhol.
“Às vezes, a criança é taxada de preguiçosa, lenta, mas ela tem alguma deficiência na visão que interfere no seu rendimento escolar”, explica o médico. “É indispensável levar a criança para um exame oftalmológico no inicio da alfabetização mesmo que ela não apresente nenhuma dificuldade aparente na visão”, orienta o profissional. Os principais problemas são os vícios de refração, como miopia, astigmatismo e alta hipermetropia, mas outra deficiência visual comum na infância é a ambliopia ou “olho preguiçoso”, quando um olho enxerga bem menos que o outro. “Se a ambliopia não for tratada, a criança corre o risco de ficar cega”, alerta o médico. É fundamental que os problemas visuais sejam tratados o quanto antes, pois até os quatro anos de idade a mácula da criança ainda responde a estímulos e consegue recuperar a visão.
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, ao menos 10% dos alunos primários necessitam de correção por serem portadores de erros de refração, hipermetropia, miopia e astigmatismo. Destes, aproximadamente 5% têm redução grave de acuidade visual, isto é, menos de 50% da visão normal. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 7,5 milhões de crianças em idade escolar possuem algum tipo de deficiência visual e apenas 25% delas apresentem sintomas. “A visão da criança deve ser avaliada por um oftalmologista periodicamente”, aconselha Vespasiano.
“Pelo menos 83% do nosso relacionamento com o mundo é através da visão. Ela é essencial para o aprendizado. Durante a fase pré-escolar e escolar, a visão da criança está em formação e é nesse momento que os problemas visuais devem ser corrigidos”, diz o médico. Um levantamento realizado pelo programa Alfabetização Solidária revelou que a deficiência visual é responsável pela evasão escolar de 22,9% dos estudantes de ensino fundamental no Brasil. O especialista chama atenção para a importância de os pais ou responsáveis pelas crianças estarem atentos ao problema. “A deficiência visual pode passar despercebida, já que as atividades que exigem esforço visual são mais comuns no ambiente escolar”, explica.
Além do desinteresse pelas atividades escolares e da dificuldade de aprendizado, outros sinais podem indicar problemas de visão como lacrimejamento constante, olhos avermelhados, dores de cabeça e nos olhos com frequência, aproximar objetos dos olhos, assistir TV muito próximo à tela, coçar os olhos depois de um esforço, franzir a testa ao olhar para algo distante, entre outros. O teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho pupilar, logo após o nascimento do bebê, ainda na maternidade também é fundamental. “Esse exame consegue identificar possíveis doenças oculares neonatais, como catarata congênita, descolamento da retina e glaucoma congênito,” explica o oftalmologista Vespasiano Santos.