Em discurso na Câmara Federal nesta quarta-feira (30), o deputado Valmir Assunção (PT-BA) criticou a campanha #somostodosmacacos criada após o ato racista envolvendo o lateral Daniel Alves, do Barcelona. Valmir diz que a resposta do jogador baiano, de comer a banana atirada contra ele “foi uma boa resposta”, mas afirma que a campanha que veio em seguida, inclusive, com a participação da presidente Dilma Rousseff, é equivocada e só reforça o racismo. “A campanha invadiu as redes sociais e chama todos para se intitularem de macacos, estimulada por fotografia com bananas. Se há ou não uma boa intenção nessa campanha, eu quero aqui afirmar que não se combate racismo com atitudes racistas. Eu não sou macaco. Nenhum negro o é!”
Com a adesão de celebridades globais, um apresentador de TV resolveu lucrar com a campanha, vendendo camisas com os dizeres ‘somos todos macacos’. Para Valmir, se as celebridades, inclusive a presidente Dilma, que, segundo ele, aderiu erroneamente a esses dizeres, querem combater o racismo no Brasil, não devem fechar os olhos para o que o Movimento Negro reivindica cotidianamente. “Se querem combater o racismo, não é com fotografias de bananas que ajudarão. No caso do governo federal, é inadmissível o aproveitamento sem reflexão da espontaneidade das redes sociais. Passamos muito tempo trabalhando na desconstrução de estereótipos acerca da nossa cor, religiosidade e estética para que uma empresa de publicidade venha resumir tudo a bananas! Isto reforça o racismo. É campanha para a hegemonia branca ver!”.
Ainda segundo Assunção, é preciso que a sociedade e o governo sejam educativos, trabalhando a igualdade, o respeito e adotando punições mais eficazes contra aqueles que cometem o crime de racismo. “Uma campanha séria deve escutar o Movimento Negro, deve ser fundamentada nos vários estudos já existentes acerca da estrutura racista que nosso país está calcado. O combate a esta realidade, inclusive, já é imbuído de algumas políticas públicas que merecem ser melhoradas e apoiadas”. O parlamentar já sugeriu ao governo federal campanha contra atos racistas e homofóbicos no esporte.